Chorrochó: o professor Joaci Campos Lima e os currais eleitorais

Faço uma deferência ao conspícuo professor Joaci Campos Lima, mestre em tudo que faz e ponderado em tudo que diz.

Esta particular consideração vem a propósito de recente artigo que escrevi em 18/11/2020 sob o título Chorrochó vira curral eleitoral do prefeito.

O sábio professor Joaci, sempre com a lhaneza que lhe é comum, discordou do artigo, mormente no que concerne à comparação que fiz da influência do prefeito Humberto Gomes Ramos à frente da administração do município de Chorrochó e os currais eleitorais da Primeira República.

Argumentou o ilustre Joaci que “as gestões de Humberto têm se caracterizado pela descentralização administrativa e, sempre que possível, pela busca da promoção das pessoas”.   

Não duvido, tampouco questionei essas particularidades em quaisquer ocasiões.

Meu artigo cingiu-se à questão político-eleitoral e ao engendramento matreiro que o prefeito vem fazendo ao longo dos anos, com o intuito de manter-se no poder – legitimamente, claro – através do voto popular e sua capacidade de neutralizar a oposição. Não há demérito nisto.

Aliás, o prefeito Humberto sabe laborar nesse terreno com impressionante desenvoltura.

Conseguintemente, o termo curral eleitoral usado por este escrevinhador no retro aludido artigo, segundo o abalizado Joaci, está em desconformidade com o significado daquele da República Velha.

Tem razão o professor Joaci. Os tempos são outros, outras são as idiossincrasias do poder em todos os níveis, diverso é o eleitor. 

A sociedade evoluiu, o que não exclui a esperteza dos chefes políticos no sentido de agarrarem-se indefinidamente ao poder, valendo-se de suas astúcias e raposices.

Todavia, é inegável que o comportamento do eleitor de hoje é diferente daqueloutro da República Velha, adstrito às ordens e comando dos coronéis oligarcas.

Contudo, peço vênia ao professor Joaci para lembrar-lhe que a similitude considerada no artigo não desnaturou a intenção deste articulista: mostrar a força política e o lastro eleitoral do prefeito Humberto Gomes Ramos. Só isto, em síntese.  

A magnífica e clara intervenção do professor Joaci, que muito me honra, serviu para desfazer interpretações equivocadas de alguns leitores deste blog que leram no artigo coisa que lá não está escrito.

O professor foi ao cerne do artigo: os currais eleitorais como fatos históricos.

Assustam-me as redes sociais, confesso. Assustam-me, muito e sobremaneira, interpretações arrevesadas que pessoas menos cautelosas, embora em pequeno número, fazem acerca do que é escrito na imprensa. Ou por falta de conhecimento ou porque não conseguem enxergar nada além das paixões políticas.

Por exemplo: uma leitora que leu o artigo em referência – e certamente não entendeu – disse que rotulei de “cabras e vacas” as pessoas que votaram no prefeito Humberto.      

Credo em cruz, Ave-Maria. Onde isto está escrito no artigo?

Valei-me São Francisco de Barra do Tarrachil!

Valei-me Senhor do Bonfim!

O artigo fala da realidade histórica do Brasil e de nossos costumes políticos. E como é difícil transformar uma expressão da História, que está nos livros, em “cabras e vacas”!

De qualquer forma, salamaleques à parte, deixo registrada minha admiração pelo professor Joaci Campos Lima, certamente um dos orgulhos da Escola Tercina Roriz.

araujo-costa@uol.com.br

Deixe um comentário