“Eu não existiria, sem as minhas repetições” (Nelson Rodrigues, escritor e jornalista, 1912-1980)
A espevitada presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman, insiste em não admitir a derrota do partido nas eleições municipais de 2020.
O PT tem dúvida se o partido perdeu nas urnas. Não exatamente o PT, mas sua presidente.
Para usar uma palavra da moda, Gleisi Hoffman passou a ser negacionista, defeito que o PT e seus aliados tanto apontam no presidente Bolsonaro, inclusive a imprensa de esquerda.
O jornal O Estado de S.Paulo publicou que “tá difícil cair a ficha” dos dirigentes petistas no que tange à derrota nas urnas.
O jornal acrescenta que no PT “os realistas avaliam que o distanciamento entre o partido e eleitorado é tão grande que o resultado teria sido pior se Lula não tivesse insistido para que veteranos fossem candidatos em cidades importantes” (Coluna do Estadão, 02/12/2020)
A presidente (ou seria presidenta, como os petistas gostam de dizer?) em sua subida honra partidária está culpando a pandemia do coronavírus pela derrota do partido (que ela ainda não admite), não se sabe exatamente a razão, já que os demais partidos políticos enfrentaram a mesma realidade pandêmica e alguns até saíram vitoriosos.
Um exemplo: no grande ABC, berço político de Lula da Silva, o PT ganhou em Diadema, não exatamente porque o prefeito eleito é do PT, mas porque Filippi Júnior é conhecidíssimo da população, já foi prefeito do município outras vezes e tem relevantes serviços prestados a Diadema. Se outro tivesse sido o candidato do PT teria perdido.
Ex-juiz Sérgio Moro
Na condição de juiz federal chefe da Laja Jato, Sérgio Moro arruinou a Odebrecht, a OAS e outras construtoras nacionais. Isto não significa dizer que ele agiu de forma errada, mas não exclui a realidade no sentido de que carreou as empresas para o despenhadeiro, gerou desemprego, provocou demissões em massa e, mais do que isto, puniu seus dirigentes com sentença penal condenatória e os mandou ao xilindró.
Agora, uma gritante contradição: a empresa americana M & A Marcos Ganut, a maior do planeta na área de recuperação empresarial, contratou o ex-juiz Sérgio Moro para o cargo de diretor-executivo da instituição. Função de Sérgio Moro: ajudar a Odebrecht e outras empresas a se recuperarem financeiramente da ruína que ele mesmo as impôs como juiz da Lava Jato.
Isto é ético?
Pergunta que o ex-juiz Sergio Moro está moralmente obrigado a responder.
Pergunta que o PT e Lula da Silva têm a oportunidade indeclinável de questioná-lo.
Parece que caiu a máscara de Sérgio Moro e não é a máscara que ele usa para proteção do coronavírus.
Post scriptum:
Assim como o ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, terror do mensalão petista e que costumava passar reprimendas em advogados, embora no exercício da profissão, Sérgio Moro na condição de juiz federal da Lava Jato também tinha a péssima e abominável arrogância de passar descompostura em advogados, inclusive foi muito deselegante com defensores de Lula da Silva.
Primeira decisão de Sérgio Moro, ao deixar o governo Bolsonaro: pedir inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. A OAB concedeu imediatamente. Sérgio Moro hoje é advogado.
Esses juízes pequenos – aliás, pequeníssimos – que no exercício da magistratura menosprezam advogados no estrito cumprimento dos seus deveres constitucionais e legais não deveriam procurar os quadros da OAB quando se aposentam ou deixam a judicatura.
Eles são pequenos demais para ser advogados.
São pequenos demais diante da grandeza da advocacia.
araujo-costa@uol.com.br