O jornalista pernambucano Geneton Moraes Neto (1956-2016), dizia que “o jornalista é o único animal vertebrado capaz de acreditar em boatos, porque nenhum boato é gratuito”.
“O boato é o mais antigo meio de comunicação de massa, muito antes do ouvir-dizer. Ninguém é responsável pelo boato, mas todo mundo está a par dele. A fonte do boato é inacessível, oculta e misteriosa”, diz o professor Jean Noel, que escreveu um livro sobre o tema.
As urnas não trouxeram surpresas no que tange à composição da Câmara Municipal de Chorrochó.
Aliás, as urnas não trouxeram quaisquer surpresas, quer relativamente à Câmara, quer no que concerne ao Poder Executivo. Mas é preciso considerar alguns aspectos que estão carreando para firmar o contexto da administração municipal que se inicia em janeiro de 2021.
Fechadas as urnas, mais que boatos, surgiram expectativas de que o prefeito reeleito Humberto Gomes Ramos faria alguma construção política no sentido de alterar o desenho da composição da Câmara Municipal, uma espécie de engendramento para robustecer-se ainda mais no Executivo e assegurar a inquestionável solidez de sua base no Legislativo.
A rigor, o prefeito não precisa disto, mas em política não há nada impensável. O prefeito tem estrondosa maioria no Legislativo, quase unanimidade e ampara-se em inegável lastro popular e político no Executivo.
Eventuais acomodações aqui e acolá não significam necessidade de fortalecer-se, vez que o prefeito é politicamente forte, talvez um mimo, um afago político a aliados.
Mudam-se as peças do tabuleiro, mas o jogo continua o mesmo. O grupo político do prefeito é coeso e cada vez mais se fecha em torno do alcaide, que caminha para duas décadas no comando político de Chorrochó.
Embora ainda não confirmado, tudo leva a crer que o prefeito levará pelo menos duas vereadoras de sua extrema confiança para o Executivo e abrirá espaço na Câmara Municipal para entronizar aliados leais, entre eles o ex-vereador Wellython Luiz Pacheco de Menezes, que ficou pendurado em uma das suplências.
A razão é compreensível e relativamente simples. Por exemplo, a vereadora Sheila Jaqueline Miranda Araújo, que deve ser reconduzida à Secretaria de Saúde do município, fato já esperado, ostenta sólida lealdade ao prefeito.
Em política, a lealdade é fundamental, como é em todas as áreas da atividade humana.
Lealdade pressupõe grandeza, firmeza de caráter, humildade, decência e respeito mútuo.
Profissional de destaque, Sheila Jaqueline é descendente de família de caráter irrepreensível. Esteia-se nas raízes políticas do pai e ex-prefeito José Juvenal de Araújo e do avô Oscar Araújo Costa, honra e glória do povoado de Caraíbas.
Oscar foi uma espécie de patriarca respeitado e reverenciado por sua gente de Caraíbas e circunvizinhanças. Ainda hoje persistem por lá os andaimes que ele engendrou em benefício do povo.
Em quadro assim, o prefeito Humberto Gomes Ramos se sente confortável para reconduzir a vereadora Sheila Jaqueline às hostes do Executivo, porque conhece seu trabalho e dedicação, o que, de resto, é sobejamente conhecido da população.
A outra vereadora que certamente será guinada a uma secretaria no Executivo é a socióloga Jane Edla Fonseca de Souza, também leal ao prefeito e proveniente de família tradicional e correta de Barra do Tarrachil, maior base eleitoral do prefeito Humberto.
Boatos ou expectativas à parte, o fato é que Wellython Luiz Pacheco de Menezes é uma acertada escolha para a Câmara Municipal. Experiente, já exerceu outros mandatos de vereador, de modo que é um bom quadro para assumir qualquer vaga no Legislativo.
Ademais, Wellython conhece bem a maçaneta do Legislativo e provém de família respeitável cuja seriedade política não comporta dúvida.
Wellython é filho de Walmir Prudente de Menezes, que deixou exemplo de dignidade e decência e neto de Antonio Pacheco de Menezes, um dos esteios da sociedade de Chorrochó. Isto por si só lhe credencia como homem público, de modo que o prefeito Humberto está bem acompanhado.
Outras costuras políticas podem estar no radar do prefeito Humberto Gomes Ramos.
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