A Igreja Católica de Chorrochó deu início aos festejos do padroeiro Senhor do Bonfim.
A paróquia está triste, em razão da pandemia do coronavírus que chegou a dizimar vidas em Chorrochó.
Mas a Igreja é como um lírio que brota continuamente em meio aos rudes espinhos do tempo e dos escombros das tragédias humanas.
Assim, a Igreja de Chorrochó.
Desta vez mudaram-se as formas de celebração. A abertura da festa deu-se fora do templo, o que, de certa forma, espelhou a beleza da devoção dos chorrochoenses católicos ao seu padroeiro.
Em meio a tantas atribulações a que as populações estão envolvidas, inclusive o aumento dos índices de violência, de vez em quando o calendário da Igreja possibilita uma pausa para permitir que todos se envolvam em orações.
Em Chorrochó, portanto, realiza-se a festa do padroeiro Senhor do Bonfim. É uma oportunidade para que os católicos abandonem seus momentos de egoísmo e arrogância e deem lugar às orações, normalmente negligenciadas no dia a dia, inclusive em razão da luta pela sobrevivência.
Todos os dias durante o novenário, época de contrição e louvor, após a bênção do Santíssimo Sacramento, o celebrante desperta os fiéis no sentido de que o nome de Jesus é sempre bendito: “Bendito seja Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar!”.
É o louvor em desagravo às blasfêmias, ao indiferentismo com as coisas que dizem respeito à fé.
O celebrante pede para que Deus derrame bênçãos “sobre o chefe da nação e do estado e sobre todas as pessoas constituídas em dignidade, para que governem com justiça”.
Palavras fortes e necessárias – dignidade e justiça – sem as quais nenhum governante desempenha seu papel a contento.
A oração é uma velha fórmula adotada pela Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFMC) do Convento da Piedade, em São Salvador da Bahia, que se estende historicamente deste o século XVII: oração pela pátria, pela Igreja e pelo Santo Padre.
Chorrochó, a exemplo de todos os lugares, padece das injunções de uma sociedade violenta, desrespeitosa, degradante, alheia às coisas da Igreja e, sobretudo, tendente à vulgaridade.
É notório que a Igreja Católica não tem conseguido manter em seu rebanho as pessoas que ela mesma batizou, em razão de seu apego a valores sabidamente ultrapassados que a Santa Sé não tem interesse em flexibilizá-los.
Contudo, não deixo de reconhecer que grande parte desse fenômeno deriva da instituição familiar, que se esfacelou de tal forma que se tornou incapaz de educar seus filhos para o caminho da Igreja.
Também é notório que a Igreja persiste em seu caminho sereno em benefício de seus fiéis.
É tempo de lembrar todos aqueles que sustentaram as colunas da Igreja de Chorrochó, quando tudo era ainda muito rudimentar e difícil: Antonio Conselheiro, monsenhor Elpídio Ferreira Tapiranga, celebrante da primeira missa em Chorrochó, em 1886, padre Manoel Félix de Moura, professora Antonina Gomes, João Alves dos Santos, professora Josefa Alventina de Menezes, padre Ulisses Mônico da Conceição, padre Mariano Pietro Bentran e todos os que vieram subsequentemente, como sacerdotes ou colaboradores.
É tempo também de lembrar os bispos da diocese de Paulo Afonso, que delinearam o caminho da fé na Igreja de Chorrochó: D. Jackson Berenguer Prado, D. Aloysio José Leal Penna, D. Mário Zanetta, D. Esmeraldo Barreto de Farias e o atual D. Guido Zendron, que adota o lema episcopal Cristo Redentor dos Homens e tem sido muito presente na vida da Igreja local.
Por fim, é tempo de reconhecer o papel das instituições Pia União das Filhas de Maria e Apostolado da Oração que dignificaram a história da Igreja de Chorrochó.
Chorrochó está em tempo de oração. Rezemos por todos nós.
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