O bom da democracia não é somente poder escolher nossos representantes, mas tirá-los de lá, quando necessário.
O reino nababesco do deputado fluminense Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, parece chegar ao fim de forma melancólica e atrapalhada.
Conhecido como o homem dos jatinhos, até a primeira semana de janeiro deste ano, Rodrigo Maia tinha usado 882 vezes aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) para seus deslocamentos pelo País. Não se sabe se todas as vezes em missão oficial.
Um rápido passeio pela seara política e o simples uso das regras de tabuada que se aprendia no curso primário dão conta de que o candidato do presidente Bolsonaro vai emplacar a presidência da Câmara dos Deputados.
E se assim acontecer, adeus impeachment de Bolsonaro, como querem a esquerda e demais contrariados. É o presidente da Câmara dos Deputados quem decide se coloca ou não na pauta os pedidos de impeachment.
Em números de hoje, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) tem seguras chances de vencer a disputa contra o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) candidato do atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), que entende muito de costura de bastidores e pouco de traição política.
ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM hipotecou apoio a Arthur Lira e com ele, na condição de líder nacional, levou um grupo de deputados baianos, dentre esses Leur Lomanto Júnior e Elmar Nascimento e suas frustrações.
Elmar Nascimento, lídimo representante da oligarquia de Campo Formoso, pretendia disputar a presidência da Câmara, o que parecia favas contadas, mas Rodrigo Maia o vetou e preferiu apoiar o deputado paulista, embora de outro partido.
Elmar Nascimento quer ver Rodrigo Maia pelas costas e teme perder o cargo de diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) atualmente entregue a Marcelo Andrade Moreira Pinto, que faz parte de seu reduto e é seu afilhado político.
Oficialmente o DEM apoia Baleia Rossi.
Também na Bahia, o deputado Adolfo Viana de Castro Neto (PSDB) abriu dissidência no partido e vai apoiar Arthur Lira, de olho na manutenção do cargo de coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) na Bahia, que está com Lucas Lobão, seu apadrinhado.
Adolfo Viana também vem de vistosa oligarquia. O avô Adolfo Viana foi prefeito de Casa Nova, município do norte da Bahia e o pai Antonio Honorato exerceu o mandato de deputado estadual da Bahia em diversas legislaturas.
Oficialmente o PSDB apoia Baleia Rossi.
Como se vê, tratando-se de partidos políticos, fidelidade e nada é a mesma coisa. Membros partidários obedecem mais a seus interesses e instintos traiçoeiros do que a orientação do partido a que pertencem.
Com o apoio do presidente nacional do DEM a Arthur Lira, a candidatura de Baleia Rossi vai-se derretendo.
Rodrigo Maia tem pouco tempo e algumas noites insones para tentar reverter essa situação de derrota.
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