Ano passado, não vai muito longe, escrevi neste mesmo espaço – e agora isto se confirma – que o governador-pavão de São Paulo vai implodir o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
O processo de desmoronamento do partido já começou. João Dória deu início à derrocada da agremiação e levará com ele os escombros de sua inexperiência política.
João Dória arvorou-se, fora de hora, como único habilitado para ser o presidente nacional do partido e, de maneira arrogante e abominável, próprio de seu estilo, lançou e encabeçou um movimento baseado em São Paulo, para destituir o atual presidente e ocupar o lugar do dirigente.
Aliás, João Dória já tentou, sem sucesso, a expulsão do deputado mineiro Aécio Neves, que lhe faz sombra no partido. É possível que João Dória entenda que não há espaço no PSDB para dois embusteiros.
João Dória pretendia assumir o comando do PSDB para adquirir cacife com intuito de percorrer o País e viabilizar sua candidatura a presidente da República em 2022. Esqueceu-se de “combinar com os russos”.
Não deu certo. A Executiva Nacional vislumbrou a malandragem baixa de João Dória e, mais que depressa, amparada no regimento, aprovou por unanimidade, a recondução do deputado pernambucano Bruno Araújo à presidência nacional do partido.
João Dória ficou atordoado com a surpresa e a retumbante derrota que lhe foi imposta.
O problema de João Dória é a flexibilidade de caráter. Na ânsia de ser presidente da República saiu atropelando colegas de partido e correligionários e engendrou uma farsa insustentável segundo a qual o PSDB precisa fazer oposição ao governo Bolsonaro e ele deve ser o esteio dessa oposição.
Entretanto, sua clara intenção é tão-somente assumir o poder federal, sabe-se lá com que intenção, já que é inegável admirador de decisões autoritárias e seu péssimo governo em São Paulo tem mostrado isto indubitavelmente.
O certo é que, para fazer oposição a Bolsonaro, o PSDB não precisa que João Dória determine o que deve ser feito.
Petulante e pernóstico, ele acha que o PSDB gira em torno dele.
No fundo, oposição a Bolsonaro é um elemento secundário para o governador-pavão de São Paulo. Se assim não fosse, ele não teria subido em palanques para tecer constrangedores elogios a Jair Bolsonaro em 2018, com o intuito de eleger-se governador de São Paulo à sombra do então candidato a presidente, que hoje renega e que à época a popularidade estava em alta.
A mente obsessiva de João Dória só vê uma coisa: ser presidente da República. Não importam os caminhos para chegar lá. E os caminhos, por enquanto, não parecem ser os mais recomendáveis.
João Dória revelou-se falso, embusteiro, interesseiro e, sobretudo, desleal politicamente.
Mas voltando ao início, aconteceu o que João Dória não esperava. O PSDB o rejeitou liminarmente e grande número de próceres do partido indicou o decente governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, para disputar a presidência da República em 2022.
No mínimo haverá prévias para definirem o candidato do partido em 2022, o que arranca de João Dória seu desejo autoritário de comandar o partido e se lançar candidato a presidente da República, como se o partido fosse uma propriedade dele e o único capaz de concorrer dentre tantos outros nomes, de resto mais respeitáveis que ele.
João Dória é o Lula da Silva II.
De qualquer modo, a eleição presidencial está distante.
O governador Eduardo Leite, jovem político de 35 anos, demonstra-se decente, equilibrado e avesso a qualquer tipo de narcisismo, ao contrário do governador de São Paulo, que se pavoneia a mais não poder e se acha o máximo dentre todos os demais políticos do Brasil.
Se, depois, por composição de membros do partido ou quaisquer circunstâncias que levem João Dória a ser o candidato do PSDB a presidente em 2022, isto representará, sem dúvida, a vitória do mau-caratismo sobre a decência.
O Brasil está carente de homens públicos sérios e João Dória certamente não é um deles.
A diferença de caráter entre o governador do Rio Grande do Sul e o governador de São Paulo é abismal.
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