O Poder Judiciário e os juízes delinquentes

“Brasil de ontem e amanhãDai-nos o de hoje, que nos falta” (Ruy Barbosa, 1849-1923)

É comum e até frequente, em todo o Brasil, desembargadores e juízes serem processados, afastados das funções, aposentados compulsoriamente e até presos, em razão da prática de crimes no exercício da honrosa função jurisdicional.

Os casos assombrosos vão desde venda de sentenças e decisões judiciais afins até outra infinidade de crimes tipificados nas leis penais e capazes de assustar até mesmo o mais esperto e perigoso dos delinquentes.

Em data recente, foram presos quatro desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT) pela prática de corrupção ativa e passiva, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Como se vê, esses arremedos de magistrados, que enxovalham o Poder Judiciário, devem ter passado todo o tempo de exercício da judicatura ocupados em urdirem formas de arrebanhar dinheiro ilícito em direção aos seus bolsos.

Isto envergonha todos os brasileiros decentes que veem no Poder Judiciário, às vezes erroneamente, a única e última solução e o amparo necessário para muitas das injustiças que lhes afligem em nossa sociedade desigual e cruel.

A quantidade de magistrados delinquentes em todo o País é assustadora. E muitos deles ainda se arvoram em paladinos da honestidade, da hombridade, da decência e da retidão de caráter. Mais: são arrogantes.

À semelhança dos antigos cavaleiros andantes, esses magistrados se dizem defensores dos oprimidos.  

Além de hipócritas, esses magistrados são criminosos que se igualam a centenas de presidiários, muitos deles até condenados injustamente, com uma diferença: os pobres criminosos apodrecem nas cadeias e os ricos delinquentes ficam soltos em suas mansões.

Os delinquentes do Judiciário desfrutam de outra vantagem vergonhosa: o corporativismo abunda nos tribunais e a punição esvai-se como cinza ao vento.

No Rio de Janeiro, dentre os acusados, estão o presidente do Tribunal Regional do Trabalho e um ex-presidente do mesmo TRT, todos corruptos, conforme sustenta a Procuradoria-Geral da República.

Somente um deles, o “articulador do grupo”, segundo as investigações, teria recebido a bagatela de R$ 3,6 milhões de propina.

Esses e outros criminosos da mesma espécie se escudam na toga para espezinhar a sociedade, que lhes paga salários e mordomias. Ao invés de exercerem a magistratura com dignidade, cometem crimes.

Uma realidade que se vê com frequência, infelizmente.

Este é o escandaloso e deprimente retrato de parte do Poder Judiciário que nos julga, que se encontra aos pedações e está sucumbindo a esta vergonhosa realidade incompatível com a Justiça.

O Poder Judiciário, em parte, está de cócoras.

araujo-costa@uol.com.br       

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