
Tenho algumas pessoas em meu altar de admirações. Guardo-as em minha memória esburacada e faço referência até hoje, porque me foram importantes, caras, dignas, inesquecíveis.
Em Patamuté, meu rincão e meu orgulho, lembro Mário Matos Lopes, João Brandão Leite, Nicolau Cordeiro, Antonio Ferreira Dantas Paixão, José Henrique de Souza (Zeca Babau), Israel Henrique de Souza e outros mais que constam em meu caderno de consideração.
Outros mais: José de Souza Alcântara (Zé Lulu), Demerval de Souza Alcântara (Taxú), João Pedro Cunha (Didi Cunha), Francisco Ferreira Vital, que me ensinou regra de três e que até hoje tenho dificuldade de aplicá-la e quando aplicá-la, et cetera.
Ah! como tem et ceteras!
Mais ainda: Osmário Matos Torres (meu padrinho de batismo), Adonai Matos Torres e tantos outros.
Algumas senhoras de lá, que também foram minhas amigas, deixo para outra crônica, que será breve, mas não posso deixar de declinar hoje, em razão da saudade, Julieta Alcântara, Ambrosina Matos, Raquel do Carmo Paixão, Dudu de Moraizinho e Cota de Rita, que me ensinaram a enfrentar os primeiros tropeços da vida em Patamuté.
Amizades naquele tempo tinham valor, muito valor, perduravam e se firmavam na memória indelevelmente.
A geração de hoje não tem ideia do quanto era dignificante manter amizades com as pessoas mais experientes. Elas nos davam a segurança e indicavam o caminho para a realização de nossos sonhos de jovens frágeis e utópicos.
Mas hoje falo de Cota de Rita, minha companheira de conversas e idas ao chamado Serrote de Patamuté, catar umbu.
“Vamos de madrugada, as cabras levantam mais cedo e comem todos antes que a gente chegue”, dizia a experiente Cota de Rita.
Atravessávamos o riacho Paredão ao amanhecer e dividíamos com as cabras os umbus orvalhados caídos ao chão entre pedras e candeias.
Esta crônica é encimada por uma foto de Cota de Rita à janela de sua casa, como costumeiramente fazia.
Figura conhecidíssima em Patamuté, a Missão Geológica Alemã (MGA) registrou essa foto que foi publicada no Relato de uma viagem, elaborado pelo Serviço de Imprensa da Embaixada da Alemanha no Brasil.
A Missão Geológica Alemã (MGA) esteve em Patamuté estudando o solo no Sítio de Chicó, com vista à prospecção de cobre, em parceria com a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
A publicação é de 1969.
O Jornal Folha de S. Paulo enviou o correspondente especial Pedro D’Alessio à região, experiente jornalista que publicou brilhante reportagem sobre Patamuté, sua gente, dificuldades, perspectivas e esperança.
A missão instalou equipamentos para sondagens profundas no Sítio de Chicó e registrou algumas imagens de Patamuté.
A população de Patamuté desconhece até hoje os resultados de tão sofisticada operação e o que isto representou para o lugar.
Chicó era irmão de Antonio Ferreira Dantas Paixão, líder político e comerciante em Patamuté.
Devo acrescentar, por último, que essas amizades que cito persistem em meu sentimento de gratidão.
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