
“Três coisas me são difíceis de entender e uma quarta eu ignoro: o caminho da águia no ar, da serpente sobre a pedra, da nau no meio do mar e o caminho do homem na mocidade” (Provérbios, 30-19)
Nesta quadra da vida, ainda mantenho alguns amigos dispersos por esses caminhos empoeirados e garranchentos da vida.
Em minhas reflexões, que são diárias, constantes, amiúde, lembro daqueles amigos que me ofereceram o ombro nos momentos difíceis.
Os tropeços foram muitos, ainda são muitos. Continuarão sendo muitos, enquanto não chega a finitude da caminhada.
Esses amigos ficaram, até em razão da gratidão que se impôs, todas as vezes que meu andar me exigiu decência e afastou a arrogância e as fragilidades.
A peneira do tempo é sábia. Separa as amizades titubeantes e nos deixa o âmago, a essencialidade das que realmente importam. Estas as que ficam.
Amigos que souberam entender as ciladas do destino quando elas me foram implacáveis. Esses são amigos para sempre. Mesmo in memoriam.
Mas no decorrer da caminhada, alguns desses amigos foram arrebatados pela única certeza que temos ao longo do caminho: a morte.
Deixaram a saudade, o vazio, a realidade crudelíssima.
Coisas difíceis de entender como a constatação em Provérbios.
De qualquer modo, embeveço-me de lembranças e vou dando seguidos pontapés nas coisas ruins, que são muitas e chegam aos borbotões.
Vou dando espaço às lembranças, quando os sonhos eram utópicos, ingenuamente utópicos.
É uma forma de achar que ainda irei longe, mesmo que seja uma maneira duvidosa de ter esperança. De achar o ideal.
Como dizia Raul de Leoni (1895-1926), o ideal pode estar “nalguma encruzilhada”. Sempre há tempo de encontrá-lo.
Deixo aqui um abraço para o amigo, que não vejo há anos e orbita nas terras de Chorrochó, Curaçá e região: Cássio Lustosa, digníssimo descendente da espirituosa D. Anete Lustosa e do magnífico e honrado Horácio Pacheco de Menezes.
Tenho dúvida se o nome correto é Horácio Pacheco de Menezes ou Horácio Pires de Menezes.
Para me esclarecer, recorro ao conspícuo Dr. Francisco Afonso de Menezes, que entende do esteio familiar da história de Chorrochó, se vier a ler esta crônica.
Cutucar fatos não deixa de ser uma maneira de esmiuçar a saudade.
Cássio é profissional respeitado e graduado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco e cria da Escola Tercina Roriz, de Belém do São Francisco.
Bom rapaz, Cássio está entre os que me são caros e admiro.
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