Deputados aumentam suas mordomias

Mesmo em tempo de pandemia, de brasileiros passando fome, de milhões de desempregados, mesmo neste caos por que passa o Brasil que se transformou em tragédia humana…

Às escondidas, sem estardalhaço, a Câmara dos Deputados alargou, sem nenhum pudor, as mordomias dos deputados federais.  

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, reajustou em 170,8% o valor destinado ao reembolso de gastos com saúde dos deputados federais. Passou de R$ 50 mil para R$ 135,4 mil.

Com esse maná – nenhum deputado subiu à tribuna para protestar ou recusar o agrado – a Câmara dos Deputados destinará R$ 135,4 mil para cada deputado fazer sua farra.

Alguém viu os demagogos deputados da esquerda protestarem ou recusarem essa vergonhosa mordomia?

Quando as benesses entram no bolso da esquerda ela fica muda.

Cadê os petistas, psolistas e outros istas mais, hipócritas e velhacos, que se dizem suprassumos da honestidade e defensores do povo?

Alguém viu algum deputado da direita jurássica protestar ou recusar a mordomia?

Mas certamente alguém viu deputados da esquerda, da direita, do centro e de outras posições políticas, dando entrevistas e dizendo que o governo não cuida dos pobres e dos mais necessitados.

Explica-se, embora não seja novidade para o leitor.

Quando nós, mortais comuns, ficamos doentes, procuramos as UPAs, os tradicionais prontos socorros ou postos de saúde da vida.

Isto porque somos bangalafumengas, sem importância, maltrapilhos da sociedade. Somos vistos como burundangas, coisas de pouca valia.

Ficamos horas nas filas dilacerantes, em macas pelos corredores dos equipamentos de saúde, sem remédios, sem vagas para internação, et cetera e tal.

Falta-nos tudo, principalmente respeito à dignidade de cada um.

Ao contrário, quando um deputado federal adoece – senador também – independentemente do lugar onde esteja, em Brasília ou em seu Estado de origem, embarca num jatinho particular ou fretado e vai se consultar ou se internar no Hospital Israelita Albert Einstein, no Hospital Sírio-Libanês, ou no Hospital Alemão Osvaldo Cruz, todos em São Paulo, para ficar em alguns exemplos de estabelecimentos Vips.

Aí é que entra o bom negócio para o deputado, o chamado reembolso que a Câmara dos Deputados aumentou para R$ 135,4 mil e disponibilizou para cada uma de Suas Excelências.  

O deputado apresenta a estratosférica conta hospitalar à Câmara dos Deputados e as demais despesas decorrentes e a Câmara paga, diligentemente. São as regras que eles mesmos criam em benefício próprio.

À nossa custa.

Observe-se, ainda, que a Câmara dos Deputados assegura plano de saúde, com cobertura nacional, para os deputados e dependentes e mantém o Departamento Médico na Câmara para atendimento a Suas Excelências.

Há casos registrados na Câmara dos Deputados em que deputados pediram reembolso de café da manhã, compra de aparelhos de medir pressão, compra de remédio para dormir e até despesas de acompanhante, entre outros absurdos.

Interessante é a expressão que a Câmara dos Deputados usou para justificar a concessão desse aumento esdrúxulo, vergonhoso, fora de hora e do contexto sanitário que o Brasil enfrenta: “inflação médica”.

A democracia tem disto e outras coisas mais que o povo paga sem tugir, nem mugir.

araujo-costa@uol.com.br

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