“Se contribuir ao saber ou prazer dos homens fosse justificativa indispensável, pouca palavra se escrevia e menos se publicava” (Saraiva Guerreiro, 1918-2011, diplomata, ministro das Relações Exteriores do presidente Figueiredo).
Avistei o sobrado de estilo arredondado e muitas portas e janelas, no vale, entre árvores e flores e banhado pelo espetacular sol do crepúsculo.
Lá estava meu anfitrião para uma conversa com o jornalista, não com o repórter. Há diferenças abismais entre ambos.
Falamos de tudo, como convém a amigos de outras quadras da vida. Não era uma entrevista, propriamente, mas uma conversa saudável e saudosa, um bate-papo à moda do velho jornalismo, entremeado aqui e acolá, com a generosa cachaça curtida ao Cambuci, planta nativa da região.
Ouvimos de tudo ou muito de tudo, Lost in Love, com Air Supply, Chão de Giz, com Zé Ramalho, Doce amargura, com Moacir Franco e muito de Roberto Carlos, Jovem Guarda, et cetera. Estávamos em nosso tempo, segundo a saudade.
Tudo coisa das antigas, como dizem os jovens de hoje.
O papo resvalou-se para a política, como nos velhos tempos de rebeldes estudantes, quando, em tempo de ditadura, enfrentávamos em Santo André, ABC paulista, os cassetetes da polícia do governador Paulo Egydio Martins e do secretário de Segurança Pública coronel Erasmo Dias.
Lembrei-lhe de que “um cabo e um soldado são suficientes para fechar o Supremo Tribunal Federal” (eu não disse isto, alguém disse). Isto foi dito bem antes da insensatez dos tresloucados bolsonaristas da vida.
Lembrei-lhe também do político maranhense Vitorino Freire, ícone da política nordestina: para Vitorino, em tempo de crise, o jurista mais famoso é o senhor Sherman.
Ninguém conhecia o jurista Sherman. Vitorino Freire explicou: Sherman era a marca dos tanques que o Exército brasileiro usava na época. Ponderou: “quando os tanques do Exército saem da Vila Militar para as ruas, já trazem a interpretação da Constituição Federal pronta”, independentemente do que pensam e dizem os vaidosos e intocáveis ministros do Supremo Tribunal Federal.
O STF hoje é um amesquinhado partido político. O STF abdicou de sua nobre função de corte constitucional, guardiã da Constituição da República e se apequenou para ajustar-se e fazer a vontade de minúsculos partidos de esquerda.
Pode ser hilário, mas essa balbúrdia sempre foi assim em todas as crises em que as instituições políticas não conseguiram resolver os problemas nacionais.
Falamos de Cuba, o paraíso dos petistas, da esquerda do Brasil e de Flávio Dino, governador do Maranhão e outros aloprados comunistas e ex-comunistas, que embora governando paupérrimos estados, vivem nababescamente à custa do direito público.
Fidel Castro, que era amigo de Lula da Silva e se engasgou com um bife a rolê na casa de Lula, na Rua São João, em São Bernardo do Campo (esta é outra história, perguntem para José Dirceu), sustentou a ditadura mais longa e sangrenta das Américas. Mas é exemplo do lulopetismo.
Fidel mandou fuzilar dezessete mil opositores, prendeu jornalistas, perseguiu homossexuais e implantou o ateísmo como “religião” de Cuba. Média de 15% dos cubanos fugiram da Ilha. Mas é exemplo do lulopetismo.
Em Cuba, hoje – paraíso dos petistas- 60% dos trabalhadores são empregados do governo e 60% da comida é importada. Um ex-genro de Raul Castro, sobrinho de Fidel, controla 75% da economia de Cuba. Mas é exemplo do lulopetismo,
Corrupção? Não, lá não existe. Que é isto?
O chefe da agência de espionagem de Cuba é filho de Raul Castro.
Depois de 60 anos do comunismo em Cuba, a miséria por lá impera. Os admiradores de Cuba, Fidel Castro e seus seguidores acham romântica a pobreza dos cubanos.
É o que os petistas e seus admiradores sonham para o Brasil.
O PT é Lula da Silva e Lula emborca umas e outras. Compreensível seu devaneio.
Então, deixa pra lá. É mesmo compreensível.
Ao amanhecer, despedi-me de meu anfitrião. Sol da manhã esplêndido e convidativo para nova visita.
Depende dele.
araujo-costa@uol.com.br