Menores de 18 anos devem sair da sala. Ou desligar os televisores. Ciro Gomes quer falar na televisão.
Ciro saiu na frente e está publicando filmetes publicitários nas redes sociais, fora de hora, com o intuito de pavimentar o espinhoso caminho para as eleições presidenciais de 2022.
Essa história começa lá atrás, logo depois do pífio resultado eleitoral que Ciro obteve em 2018.
Abertas as urnas, Ciro sequer conseguiu passar ao segundo turno e saiu por aí, desnorteado, metralhadora giratória em punho, atirando contra Lula da Silva, Fernando Haddad e o PT como um todo.
Foi parar em Paris, a Cidade Luz, famosa também em razão das boas qualidades etílicas. Lá Ciro sente-se em casa, certamente.
Ciro Gomes começou a disparar para todos os lados onde houvesse alvo e mesmo que alvo não houvesse.
Ingrato e vaidoso, deu seguidas estocadas em Lula da Silva que lhe havia presenteado com o então poderoso Ministério da Integração Nacional de 2003 até parte de 2006.
Demagogo e falastrão, Ciro Gomes nada ou quase nada fez pelo Nordeste, enquanto ministro de Lula, embora cearense (é paulista de Pindamonhangaba) e conhecedor das dificuldades da região. Continua lulista enrustido, mas tem vergonha de dizer que é, por conveniência política e para tentar desvincular-se dos tropeços de Lula.
Ciro Gomes pensa que o Brasil é semelhante ao município cearense de Sobral, onde a “dinastia” Ferreira Gomes, da qual ele faz parte, administra no grito e jogando retroescavadeira contra opositores. E ele diz que é democrata.
Ciro Gomes quer defenestrar o presidente Bolsonaro do poder. A rigor, eles são parecidíssimos no que tange à arrogância e truculência. Com uma diferença: Bolsonaro diz o que pensa; Ciro Gomes é embusteiro e demagogo, beira a aventura.
Agora, surge um personagem na vida de Ciro Gomes: o marqueteiro João Santana, que trabalhou, com êxito, para as campanhas presidenciais de Lula da Silva em 2006 e Dona Dilma Rousseff em 2010 e 2014, o que lhe custou uma prisão de quase oito anos decretada pela Lava Jato, mas esta é outra história que não vem ao caso, menos agora com a iminente descoberta do desmoronamento moral do ex-juiz Sérgio Moro.
Baiano de Tucano, sertão de Canudos e formado em Comunicação Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), João Santana é jornalista experiente, com passagem pelos seguintes órgãos de imprensa, dentre outros: O Globo, Istoé, Veja e Jornal do Brasil.
João Santana foi repórter do Jornal da Bahia e Tribuna da Bahia e secretário de comunicação social (1986-1988) do prefeito ex-carlista de Salvador, Mário Kértesz.
Em 1992, João Santana foi agraciado com o Prêmio Esso de Reportagem, à época o mais importante do jornalismo.
Bagagem e inteligência João Santana tem de sobra.
A história com Ciro Gomes começou no ano passado. Ele sugeriu que em 2022 Lula da Silva componha, na condição de vice, a chapa de Ciro Gomes na disputa pela presidência da República.
Ciro Gomes adorou a ideia. Lula da Silva não viu nenhuma graça.
Pois bem. Agora o Partido Democrático Trabalhista (PDT), abrigo de Ciro Gomes, contratou João Santana para começar a engendrar a campanha de Ciro Gomes de 2022, intenção que ele nunca negou.
Em resumo: Ciro Gomes saiu na frente. É seu estilo querer ocupar espaços. A imprensa tem sido sua aliada irresponsável neste particular.
E a verdade? A imprensa nem sempre se preocupa com a verdade.
A grande imprensa brasileira é assim.
A imprensa joga os destemperos de Ciro Gomes no ventilador sem se preocupar com o conteúdo do que ele diz. E Ciro adora deleitar-se com a ignorância alheia.
A função principal de João Santana, por enquanto, segundo os entendidos, é tentar amaciar o vocabulário do boquirroto e espalhafatoso Ciro Gomes, pelo menos reduzir os palavrões a um patamar razoável.
Será um embate difícil entre o marqueteiro e Ciro Gomes. João Santana também gosta de palavrões. Quem tiver dúvida, basta ler o livro Aquele Sol Negro Azulado que ele lançou em 2002.
Também músico, João Santana fundou na década de 1970 o grupo musical Bendegó, mas se encantou pela comunicação social e o marketing político, de modo que, além de ganhar muito dinheiro, ainda se encanta com figuras estrambólicas como Ciro Gomes.
Ninguém é perfeito.
araujo-costa@uol.com.br