
Durante algumas décadas, a essência do engendramento político do município de Chorrochó passou, necessariamente, pela família de Oscar Araújo Costa e ramificações dela decorrentes.
Oscar foi o esteio, a estrutura, o início do caminhar, o olhar para a distância.
Líder em Caraíbas e circunvizinhança, Oscar Araújo Costa era casado com a elegante e altiva Umbelina Miranda de Araújo, mais conhecida como D. Bela, que com ela construiu base familiar e política sólida e respeitável.
A liderança política de Oscar foi-se transferindo paulatinamente para o filho José Juvenal de Araújo, cuja história de vida e dedicação à causa do município de Chorrochó é sobejamente conhecida e não comporta nenhum acréscimo.
O livro História de Chorrochó, de autoria da professora Neusa Maria Rios Menezes de Menezes e do Dr. Francisco Afonso de Menezes traz merecida homenagem ao grande líder popular e ex-prefeito José Juvenal, falecido em 2015.
Noutro livro, Dorotheu: caminhos, lutas e esperanças, de autoria deste escrevinhador, deixei lançado o registro: à semelhança de Oscar, José Juvenal tinha qualidade inquestionável de lidar com aliados e adversários e isto lhe sustentou politicamente durante muito tempo.
Com a morte de José Juvenal, que deixou uma rica e inquestionável estrutura política e eleitoral, é inevitável constatar que sua liderança foi-se transferindo para os filhos Sheila Jaqueline Miranda Araújo, que foi vice-prefeita – e, salvo engano, integra o secretariado municipal de Chorrochó – e o irmão Oscar Araújo Costa Neto.
Sheila e Oscar Neto continuam ostentando razoável influência na atual administração do prefeito Humberto Gomes Ramos que, se tiver juízo, os manterá ao seu lado, até por gratidão.
Contudo, vale destacar que a família Araújo sempre teve, em seus quadros, outra liderança respeitável, embora se tenha mantido discreta e modesta: Marina Maria de Araújo Menezes.
Marina foi casada com o serventuário da Justiça da Bahia, José Eudes de Menezes, lídimo integrante dos Menezes de Chorrochó, homem de caráter irrepreensível, insuspeito defensor da moral e dos bons costumes chorrochoenses, herança do pai Eloy Pacheco de Menezes.
Abro parêntese, para registrar, com orgulho, que fui amigo de José Eudes de Menezes (Iê). Muito aprendi com ele, que me habilitou a enfrentar as peripécias da vida, que entendia muito bem. Emociona-me lembrar de nossa convivência.
Marina sempre teve grande participação na vida local, na condição de professora e coordenadora das escolas do município, assim como na condição inconteste de defensora da cultura do município de Chorrochó.
Neste contexto, Marina Maria Araújo Menezes participou, com muito empenho, de importantes eventos do município, que se firmaram no calendário local.
A organização inicial da festa dos vaqueiros, que hoje é tradição, teve sua decidida contribuição, assim como melhorias no sistema educacional à época atrelado a formas antigas de ensino.
A história de Chorrochó contou com sua participação decisiva na idealização da Bandeira do Município, o que fez na condição de Coordenadora Municipal de Educação, cargo que exercia à época.
Marina determinou a confecção da Bandeira, o que não é pouco no cenário cultural de Chorrochó. Decisão perene, culturalmente enraizada na defesa das tradições locais.
Marina Araújo sempre atuou politicamente ao lado de José Juvenal, com admirável fidelidade à liderança do irmão e, em certas situações, serviu como ponto de apoio diante da iminente tendência da família em dividir-se politicamente, aparando arestas desnecessárias.
Sua sábia atuação evitou que se alterassem a coesão, o entendimento e o espírito de civilidade entre os familiares em determinado momento político de Chorrochó.
Com o desaparecimento de alguns membros da família Araújo, inclusive Maria Pequena e José Juvenal, Marina Araújo despontou como uma liderança natural nos próximos movimentos políticos chorrochoenses e, como tal, será capaz de somar com as novas lideranças, como por exemplo, Adriana Araújo, a ex-vereadora Rafaela Araújo, os filhos de José Juvenal, ambos admiravelmente presentes e atuantes na vida do município.
O fato é que Caraíbas se mantém na política de Chorrochó através da família Araújo, não obstante a liderança inconteste de Barra do Tarrachil. Marina Maria de Araújo Menezes faz parte desta espinha sobre a qual devem se firmar as decisões políticas.
Doravante, sem nenhuma sombra de dúvida, ela será ouvida, consultada e respeitada tanto em anos eleitorais quanto fora deles e passa a ocupar uma espécie de matriarcado importantíssimo na vida política de Chorrochó.
Nas futuras eleições municipais, certamente Marina Araújo será obrigatoriamente consultada por todos os interessados em construir o xadrez político de Chorrochó.
Como se vê, o legado deixado por Oscar Araújo Costa se estendeu à história de Chorrochó como um todo.
Difícil apagar a marca e a estrutura política familiar de Oscar Araújo Costa.
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