Em jornalismo (falo do bom jornalismo, entenda-se bem), a notícia publicada deve se fundamentar nas seguintes perguntas: o quê? quem? quando? onde? como? por quê?
É a forma segura e correta de publicar a verdade, depois de apurá-la minudente e criteriosamente e não laborar em afirmações vagas tais como “uma fonte me disse”, “conversei com fontes seguras”, “pessoa que me pediu o anonimato”, et cetera.
Evidente que não estou aqui desqualificando as fontes, tão comuns e necessárias ao exercício do jornalismo e, mais do que isto, asseguradas constitucionalmente.
A chamada grande imprensa empanturra-se de comentaristas pífios, despreparados, tendenciosos e ideologicamente comprometidos, de modo que os comentários se sobressaem eivados de inverdades e sem amparo na correção dos fatos.
Esses comentaristas conseguem banalizar as fontes.
O assunto que mais se ouviu nesses últimos dias foi sobre o Exército não ter punido o general Pazuello, ex-ministro da Saúde, em razão de suposta transgressão ao Regulamento Disciplinar do Exército, quando aquele militar da ativa participou de evento político no Rio de Janeiro ao lado do presidente da República.
Os comentaristas embora insistam em dizer que apuraram os fatos, em muitos casos isto não ocorre ou, embora apurados, tais fatos foram ou são distorcidos para ajustarem-se à vontade dos donos dos órgãos de comunicação que fazem oposição ao governo (TV, grandes jornais e seus penduricalhos digitais).
Muitos desses magnatas da comunicação estão contrariados pela forma abrupta com que o governo federal suprimiu a publicidade oficial que antes abarrotava seus cofres. Em contrapartida, falavam bem do governo, qualquer governo.
Exemplo clássico é o caso das Organizações Globo, que cresceram à sombra das benesses dos governos militares e se transformaram em potência em troca de apoiá-los, de Castello Branco a Figueiredo. A história todos conhecem.
Ao decidir sobre o arquivamento do processo disciplinar contra o general Pazuello, o comandante do Exército ouviu o Alto Comando da tropa, que se compõe de quinze generais de Exército e ocupam o topo da carreira militar da Força.
O Alto Comando sempre é ouvido em casos de razoável importância.
O Alto Comando do Exército aquiesceu à decisão do comandante do Exército, quanto ao arquivamento do caso Pazuello. Validou, concordou, referendou.
Tendenciosa, em nenhum momento a imprensa disse ou diz com clareza que o Alto Comando do Exército foi ouvido. Mas é seguramente certo que comentaristas e noticiários omitem isto e dizem que o Exército está dividido, assim como Marinha e Aeronáutica.
Apostam no caos.
Outra omissão proposital da grande imprensa, mormente órgãos do Grupo Globo: no sistema presidencialista de governo, o comandante supremo das Forças Armadas é o presidente da República, seja ele Bolsonaro ou outro qualquer, seja de direita, de centro, de esquerda ou de qualquer lado.
A hierarquia e a disciplina são pilares que norteiam e sustentam as Forças Armadas.
É no mínimo desonesto com os leitores e telespectadores dizer que as Forças Armadas estão contra o presidente da República.
Mesmo que estivessem, elas não interferem na cadeia de comando, a partir do presidente, seu comandante em chefe, por conta da obediência aos princípios hierárquicos e disciplinares.
A interferência só se dá em caso de ruptura institucional, leiam-se: golpes de estado, derrubadas de governos ou coisa parecida.
Em qualquer governo, não há unanimidade, seja na sociedade civil ou nos estamentos militares. Isto é elementar e faz parte da democracia.
O militar é cidadão como todos os outros e, isoladamente, pensa como os demais brasileiros. Tem direito de opinar e discordar, dentro dos limites de seus regulamentos.
É uma lástima o Brasil contar com uma imprensa parasita que torce pelo desmoronamento do governo por conveniência econômica e, por consequência, das instituições, sejam militares ou civis, sem nenhum respeito às urnas e à vontade da maioria.
Quaisquer que sejam, governos derrubam-se através das urnas, em eleições livres e não através de conspiração disfarçada de exercício democrático.
Quando a notícia é favorável ao governo, os comentaristas fazem ridículos contorcionismos com o intuito de demonstrarem o contrário e transformá-la e situação diversa e desfavorável.
Militares no governo, em casos isolados, não significa comprometimento político das Forças Armadas com o presidente da República.
O Exército está onde sempre esteve: nos quartéis.
A imprensa contrariada não sai do mesmo lugar.
araujo-costa@uol.com.br