
A Polícia Federal do Brasil, uma das mais bem preparadas do mundo, mudará de endereço.
A sede, em Brasília, ocupará três torres na Avenida W3 Norte, com oito elevadores, 518 vagas privativas de garagem, auditório e restaurante, dentre outras mordomias como, por exemplo, academia de ginástica e gabinetes espaçosos e confortáveis.
Custo da luxuosa sede: R$ 1,2 milhão de aluguel mensal, mais R$ 243 mil de condomínio. Área total, 15,6 mil metros quadrados.
Só em fornos de micro-ondas, a Política Federal vai gastar R$ 10,4 mil e R$ 31,2 mil em novos eletrodomésticos.
Pelo menos 1,5 mil servidores se mudarão da antiga sede para o novo e luxuoso conjunto arquitetônico.
A estrutura da Polícia Federal é fantástica. Fantásticos também são seus servidores, preparados nas melhores academias policiais e que enfrentam o arcabouço criminal instalado pela corrupção do Brasil, dentre outras atribuições, tais como combate ao tráfico internacional de drogas, crimes correlatos e vigilância das fonteiras.
Partindo desse pressuposto, essa estrutura não é cara ao País, tendo em vista, ainda, o papel primordial que a Polícia Federal desempenha em benefício dos brasileiros.
Cara é a estrutura do Poder Judiciário para, muitas vezes e quase sempre, desfazer juridicamente o esforço de valorosos policiais federais que investigam a corrupção já antevendo a impunidade dos corruptos.
Não é preciso ir muito longe. As constantes absolvições de políticos corruptos com foro privilegiado, pelo Poder Judiciário, estão aí claras e vergonhosas, assim como o agigantamento do corporativismo judicial que envergonha o Brasil.
No Brasil, o crime ainda compensa, sempre compensou, mormente se cometido por poderosos de alto costado.
Advogados de políticos ricos, por exemplo, têm acesso aos gabinetes de magistrados a qualquer dia e hora, sem agendamento e participam de regabofes com Suas Excelências, regados a bebidas caras, que a fama abastece suas adegas.
Advogados de pobres amargam esperas crudelíssimas em salas contíguas aos gabinetes de magistrados arrogantes. Nem sempre são atendidos por Suas Excelências, intocáveis e inatingíveis.
O tratamento é desigual. O defensor é visto consoante a conta bancária de seu cliente.
Contudo – ou, mesmo por isso – a Polícia Federal é fundamental e é uma instituição ainda respeitada pela sociedade.
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