
“Para onde foi o tempo?” (Nietzsche, filósofo prussiano, 1844-1900)
Recolho do tempo e da saudade a lembrança de Francisco Lamartine de Menezes.
Guardo o envelope amarelado pelo tempo e a tristeza do conteúdo.
Naquele tempo – 1997 – ainda se escreviam cartas aos amigos, parentes, aderentes e conhecidos. Hoje, não mais. O progresso e as coisas modernas tolheram as formas de sustentar as amizades, cultivar as lembranças.
A douta professora Maria Rita da Luz Menezes dava-me a notícia do falecimento do esposo Francisco Lamartine de Menezes.
A saudade e a lembrança cutucam, fragilizam os momentos, tingem as páginas do tempo e nos dão a medida de nossa pequenez diante da vida e da morte.
Ilustre professor de Chorrochó, Lamartine nasceu em 12/08/1931 e faleceu em 30/03/1997.
Já se vão, por aí, mais de 26 anos de sua morte. Mais apropriado, diria, 26 anos de seu adeus. A morte é vida, para São Francisco de Assis: “é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Lamartine deixou Maria Rita da Luz Menezes com quem constituiu família exemplar, que sustenta suas raízes, como convém às proles bem estruturadas na educação e na firmeza de caráter.
Filhos de Da Luz e Lamartine: Paulo José de Menezes, Geraldo Robério de Menezes, Humberto Antonio Pacheco de Menezes, Thereza Helena Cordeiro de Menezes e Ivana Lúcia Menezes de Menezes.
Faço o registro – e antes já havia feito – com o intuito de contribuir para a perpetuação de sua memória, porque “as peças que faltam à memória deixam buracos nos céus, hiatos nas águas e rombos nos sorrisos”, como disse o escritor mineiro Pedro Nava.
Lamartine tinha um fascínio que se compunha num quê de seriedade diante de todos nós que o admirávamos.
Passos largos, como se em direção aos desafios da vida, às vezes introspectivo, sorriso contido e presença marcante, sempre.
Respeitoso e respeitador, demonstrava impressionante segurança no que dizia e acreditava. Contundente na defesa de suas ideias, firme em suas opiniões.
Guardo boas lembranças de Lamartine.
“Para onde foi o tempo?” – perguntava o filósofo.
Não sabemos. Lamartine certamente não sabia.
Sabíamos – nós e ele – sobre a efemeridade da vida. E só.
Post scriptum:
Publicada em 22/06/2021, esta crônica foi atualizada.
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