
Osmar Ribeiro Fonseca (1928-2015) nasceu em Barro Vermelho, sertão do município de Curaçá, em 04/02/1928.
Mudou-se para São Paulo em 1947, atuou como representante comercial de produtos farmacêuticos e cosméticos e depois entrou para a política, que soube exercer com dignidade e sabedoria.
Fincou base política e eleitoral em São Caetano do Sul, depois de passar por Cubatão, litoral do estado.
Osmar foi vereador por três legislaturas e deputado estadual duas vezes (1975-1983) à Assembleia Legislativa de São Paulo pelo antigo e original MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
Ferrenho opositor à ditadura militar, Osmar presidiu o diretório municipal do MDB de São Caetano do Sul, onde lastreou sua vida política e partidária.
Naquele tempo, o MDB não era a excrescência que é hoje, nem invólucro para abrigar corruptos e hipócritas. Havia uma pureza partidária que se foi derretendo com a entrada de políticos que hoje são sinônimos de corrupção.
Osmar não aceitava trânsfugas, como costumava dizer, aqueles oportunistas que mudam de partido como mudam de roupa, em busca de interesses quase sempre escusos, valendo-se da couraça partidária para abarrotar seus bolsos de dinheiro público.
O MDB era oposição mesmo, de verdade. Enfrentava tanques da ditadura, prisões, truculentos cassetetes nas ruas, torturas, exílio, censura e todo tipo de restrição à liberdade de expressão e de pensamento.
Osmar enfrentou tudo isto com altivez e impressionante decência.
Conheci Osmar Ribeiro Fonseca, em São Caetano do Sul, no auge da luta contra a ditadura. Discurso firme, quase espalhafatoso, mas de posições honestas e ideias defensáveis, absolutamente seguras.
Eu trabalhava na Matriz Publicidade, empresa que ficava na esquina das ruas Manoel Coelho com Rua Baraldi, centro de São Caetano do Sul.
Já familiarizados com o vínculo telúrico, ambos curaçaenses, conversamos muito sobre a situação política da ocasião, as dificuldades do sertanejo e seu êxodo forçado para São Paulo à procura de dias melhores, nem sempre alcançados, mas sempre sonhados.
Osmar foi um deles. Eu sou um deles.
Naquele tempo, as notícias de Curaçá chegavam pelo correio, através de cartas de amigos ou parentes. Por óbvio, não havia os modernos meios de comunicação de hoje, nem redes sociais e notícias em tempo real.
As ligações telefônicas davam-se por intermédio das telefonistas das operadoras, que completavam as ligações, quando possível e nem sempre era possível.
Ficávamos horas nos chamados postos telefônicos à espera de uma conexão com o Nordeste.
São Paulo deve alguns feitos a esse curaçaense de Barro Vermelho. Osmar exerceu a Terceira Secretaria da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de São Paulo.
É dele a lei que instituiu o Dia do Deficiente Físico e o embrião para criação e instalação de um hospital de clínicas na região do Grande ABC, hoje realidade, através do gigante Hospital Mário Covas, em Santo André.
Osmar Ribeiro Fonseca era filho de Júlio Ferreira Fonseca e D. Belarmina Cruz Ribeiro e casado com D. Maria Umbelina Conceição Ribeiro.
Faleceu em 22/12/2015. Está enterrado no Cemitério da Saudade, Bairro Cerâmica, São Caetano do Sul.
Osmar era um conterrâneo que valeu a pena conhecer. Aprendi muito com ele.
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