“Não desprezamos os que têm vícios, mas os que não têm virtude” (Duque de La Rochefoucauld, moralista francês, 1613-1680)
Está fadada ao fracasso permanente uma sociedade – ou parte dela – que reverencia um presidente da República amalucado, ajoelha-se diante de um Poder Judiciário arrogante, injusto e abarrotado de estrelismo e, ainda, admira um Poder Legislativo essencialmente corrupto.
Assim somos nós, brasileiros. Inclusive com artigos indefinidos, mesmo que sejam definidos.
Redes sociais imbecilizadas que ofendem gratuitamente as pessoas e se preocupam mais com a quantidade de dedos de um ex-presidente do que com as ideias que devem defender é porque não têm ideias para sustentar. E se as tem, são frágeis, indefensáveis.
Imprensa que, ao invés de noticiar, se ocupa com jornalísticos repetitivos e estritamente opinativos, não pode laborar na boa e escorreita informação, mas se esvai e se descredibiliza a cada dia.
Membros das Forças Armadas, não importa de que arma, que embora inativos, ocupam cargos em governos para fazer trambiques, não podem merecer a condescendência dos brasileiros, mas o repúdio.
Uma sociedade – ou parte dela – que defende corruptos de esquerda e extremistas de direita descamba para a insensatez e caminha em direção à degenerescência moral.
Uma sociedade – ou parte dela – que não cuida da educação de seus jovens, não pode esperar bons governantes.
Os governantes são o reflexo dos bancos escolares e de professores vocacionados e bem remunerados.
Minha geração fracassou, não obstante os sonhos, a utopia, os horizontes vislumbrados.
Não há mais o que fazer, senão ter esperança.
A tarefa é árdua. O bastão é entregue às novas gerações.
A geração atual, com visíveis sinais de alienação, é fruto da negligência do ensino, do indubitável desleixo relativamente à educação e, sobretudo, do desprezo pelos pilares da Pátria.
A ética deixou de ser um escopo de vida de nossa sociedade cada vez mais deteriorada para se tornar tão-somente uma expectativa para os que ainda sonham.
Desgraçadamente estamos de joelhos. Pior: em cócoras para o que há de mais repugnante nos horizontes do Brasil.
Somos meros espectadores de três instituições fracassadas: o Executivo aos frangalhos; o Legislativo dominado pela corrupção; o Judiciário de costas para o povo e arrogantemente indefensável.
É comum autoridades dizerem que “as instituições estão funcionando”.
Estão, sim. Mas em benefício de quem manda, viciadas e sem nenhuma virtude.
O ateniense Sólon conjecturou que as melhores leis são aquelas feitas de acordo com a ocasião de cada povo.
Nossa ocasião exige leis severas. Leis que expurguem os vícios de nossas instituições, todas elas abarrotadas de interesseiros, larápios, espertos, corruptos, embusteiros, vaidosos e figuras desprezíveis.
Entretanto, primeiro precisamos ser conscientes e eleitores preocupados com o Brasil de hoje e de amanhã.
Sonho difícil, mas possível.
É constrangedor constatar que grande parte dos brasileiros está envolvida nessa discussão estéril, Lula da Silva ou Bolsonaro, como se o Brasil se circunscrevesse apenas a esses dois líderes políticos.
Como disse Aldous Huxley, “espojar-se na lama não é a melhor maneira de ficar limpo”.
Estamos longe de sair da lama.
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