“A ocasião apenas o revela. O ladrão já nasce feito” (Machado de Assis, escritor, 1839-1908)
Nordestinos espirituosos diziam que “prostituta e político ruim têm sempre que mudar de zona”.
A diferença é que o caráter da prostituta é infinitamente melhor em relação aos políticos, excetuados alguns políticos, poucos políticos. Evidentemente que sempre há.
Generalizar não é de todo justo, nem de bom tom, tampouco exercício razoável da inteligência.
Há políticos sonhadores, utópicos, de boa vontade, ingenuamente esperançosos de mudar os rumos do País e o norte da vida política nacional.
A imprensa noticiou que 42 dos 70 deputados estaduais do Rio de Janeiro de diversos partidos estão envolvidos com as chamadas rachadinhas, prática segunda a qual o político se apropria de parte dos salários dos funcionários que contratou.
Há até casos de funcionários fantasmas, que recebem o salário e nunca moveram sequer uma palha em benefício do serviço público.
Como se vê, a Assembleia Legislativa fluminense está infestada de desonestos. Esses deputados estão sendo investigados pelo Ministério Público de lá.
O Tribunal Superior Eleitoral classifica a prática como “clara e ostensiva modalidade de corrupção”, o que de fato é.
Mais do que isto, a prática é crime de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Um dos acusados é o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) que, segundo consta no noticiário, quando deputado estadual era useiro e vezeiro da prática de rachadinhas, assim como seu irmão Carlos Bolsonaro (Republicanos), atual vereador carioca, filhos do presidente da República.
Ambos já mudaram de zona. O senador Flávio mora em Brasília, por ser senador e o irmão Carlos continua no Rio de Janeiro, mas fica mais na capital da República, em razão da proximidade com o pai presidente.
Todavia, é preciso esclarecer que a rachadinha é uma prática comum em assembleias legislativas, câmaras municipais e Congresso Nacional, segundo noticia-se com frequência.
Em data recente uma ex-vereadora de São Paulo foi condenada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo uso da rachadinha.
A condenação, quando há, implica em cassação do registro e inelegibilidade do político embusteiro, além dos reflexos na esfera penal.
O boquirroto Ciro Gomes diz que o hoje presidente Jair Bolsonaro se beneficiava da rachadinha quando deputado federal. Mas o que Ciro Gomes diz não é lá de se levar muito a sério.
Um sujeito que vivia pendurado nos quibas de Lula, foi até seu ministro e hoje tem como predileção falar mal do ex-presidente é ingrato e leviano, para dizer o mínimo.
Os Bolsonaros citados estão no bico do corvo e frequentam diariamente as páginas policiais, porque são filhos do presidente da República e isto lhes expõe ao massacre da mídia, que silencia quanto aos demais políticos cariocas e não cariocas que se utilizam das rachadinhas.
Os filhos de Lula da Silva também foram expostos e massacrados pela imprensa, embora por outras razões, simplesmente por serem filhos de Lula.
Mudam-se os governos e a imprensa esquece o que disse e vai baixar no terreiro do próximo que estiver no poder, em busca de audiência, exceto quando beneficiada com publicidade oficial.
A publicidade oficial cala a boca dos magnatas das comunicações. Quando o governo de plantão suprime a boca do cofre oficial dos grandes órgãos de comunicação, estes se transformam em oposição e partem para o massacre diário, nem sempre razoável.
Quanto às rachadinhas, na verdade existe um parasitismo dos políticos delinquentes que rapinam os cofres públicos sob o manto da impunidade.
araujo-costa@uol.com.br