“É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida” (Maurice Switzer)
Em 01/12/2021, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal aprovou a indicação do ex-ministro da Justiça André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e, ato contínuo, o plenário da Casa também o aprovou.
A primeira votação selou o desgaste político e moral do senador David Alcolumbre (DEM-AP), presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça, que segurou a pauta da sabatina obrigatória, por alguns meses, com o objetivo espúrio de negociar e provocar a derrota do indicado André Mendonça e viabilizar outro nome de sua preferência e da caterva que lhe acompanha. Não deu certo.
David Alcolumbre é um comerciante e opaco senador do Amapá, que o presidente Bolsonaro apoiou para a presidência do Senado Federal (2019-2021) e, em razão de posteriores desentendimentos políticos com o presidente, usou a arma dos covardes para “melar” a indicação de André Mendonça: a vingança. Não deu certo.
Para selar a derrota melancólica de David Alcolumbre na Comissão de Constituição e Justiça, no final da sessão que aprovou a indicação de André Mendonça, o estapafúrdio senador Omar Aziz (PSD-AM) cometeu o maior mico que se tem notícia no Congresso Nacional.
Os bastidores estão sendo implacáveis com o senador amazonense.
Omar Aziz, em confuso e idiota discurso, disse que o Supremo Tribunal Federal está acima dos Poderes Legislativo e Executivo, o que gerou constrangimento generalizado entre os presentes e levantou a bola do STF, que já se considera Poder Moderador, segundo revelou Dias Toffoli, um de seus “intocáveis” e subidos ministros.
Um senador da República que não conhece a Constituição Federal, nada mais é do que uma vergonha nacional.
Aliás, tratando-se de Omar Aziz e considerando sua mesquinha atuação como presidente da CPI da Pandemia no Senado, não se pode esperar outra coisa, senão idiotices.
Os Poderes da República são constitucionalmente independentes e harmônicos entre si, de modo que não há ascendência de nenhum deles sobre os demais. Qualquer estudante secundarista sabe disto, mas Omar Aziz não sabe.
Há uma frase atribuída ao pensador Maurice Switzer, segundo a qual “é melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida”.
Omar Aziz precisa refletir sobre isto.
O saldo mais importante da aprovação de André Mendonça é que ele será o ministro do STF mais preparado intelectualmente para a função. Se vai usar esse preparo em benefício da Justiça e da sociedade é outra história.
A distância intelectual entre André Mendonça é infinitamente elástica em relação a alguns ministros do STF, que fazem da arrogância uma substituta natural do conhecimento jurídico, que eles não têm.
Como se vê, em tempo de antas e capivaras, o Brasil encontra dificuldades para subir a ladeira íngreme em busca de seu destino.
Mas viva a democracia!
Um dia chegaremos lá.
araujo-costa@uol.com.br