Sérgio Moro e chapéu de couro são incompatíveis

Jurema branca ou preta é uma árvore que dá em qualquer pé de serra e na caatinga do Nordeste. É símbolo de resistência e pertinácia.

Em data recente, a imprensa mostrou uma patética foto do ex-juiz Sérgio Moro, no Recife, ao lado de apoiadores, usando um chapéu de couro, indumentária símbolo do sertanejo de bom caráter.

Dentre os muitos papéis da imprensa, um deles é noticiar, inclusive a existência de dejetos e indignidades, em alguns casos e em alguns locais.

O ultradireitista Sérgio Moro, índole de ditador e travestido de democrata, é o avesso do nordestino sincero, generoso, honesto e, sobretudo, de bom caráter.

Enquanto juiz federal, Sérgio Moro cercou-se de gigantesca estrutura pessoal e jurídica, dentre dezenas de serventuários, seguranças, informantes, jornalistas e muito poder.

Ostentava a judicatura, a arrogância e a caneta e, nesta condição, Sérgio Moro levou o terror até muitos, sem critérios plausíveis de julgador que estava sendo pago pelos contribuintes para fazer justiça.

Perseguiu réus, investigados, advogados, empresários, decretou a prisão de mais de uma centena de criminosos ou supostos criminosos, mandou executar conduções coercitivas ilegais, divulgar áudios inoportunos e mais um amontoado de disparates incompatíveis com as leis substantivas e processuais penais.

Sérgio Moro fez conluio com algumas conhecidas figuras do Ministério Público, de modo que meteu os pés pelas mãos e acabou cometendo muitas e reiteradas injustiças.

Pior: presume-se que fez tudo de caso pensado, ciente de que estava proferindo decisões processuais contrárias à lei e de olho em seu futuro de poder, financeiro e político.

Um dos exemplos de mau-caratismo de Sérgio Moro – só um exemplo, dentre muitos – é este:

Como juiz da Lava Jato, inviabilizou economicamente a Construtora Norberto Odebrecht (hoje Novonor) e extirpou milhares de empregos dessa e de outras empresas.

Estrago feito, retirou-se do governo Bolsonaro e foi trabalhar num famoso escritório de advocacia americano, certamente muito bem pago, que tem a tarefa de recuperar empresas, inclusive a que ele mesmo quebrou.

É sério isto?

Na contramão do bom senso, que recomenda punir os empresários delinquentes e manter intactas as empresas que produzem e dão empregos, Sérgio Moro fez essa lambança para beneficiar-se pessoalmente, à frente.

Hoje isto está claro, indubitável.

O auge da Laja Jato e do estrelismo de Sérgio Moro deu-se em 2019. Dados daquele ano atestam que a Odebrecht chegou a empregar 276 mil pessoas e, com a operação comandada por Moro, reduziu o quadro de funcionários em 80%, ou seja, só da Odebrecht Sérgio Moro tirou o pão da boca de 221 mil pessoas e seus familiares, aproximadamente.

Sérgio Moro não resiste a uma investigação séria.

Assim como a jurema, o chapéu de couro é símbolo da coragem, do caráter e da força nordestina. Não fica bem na cabeça de Sérgio Moro.

A democracia pressupõe a convivência com os contrários e absorção dos antagonismos, mas isto não significa apequenar-se diante de embusteiros.  

Chapéu de couro é coisa séria.

Não fica bem na cabeça de Sérgio Moro.

araujo-costa@uol.com.br

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