Da simpática cidade pernambucana de Santa Maria da Boa Vista uma postagem de Iracema Medrado, que muito me honra.
Dita postagem se refere a uma matéria deste blog intitulada Em Patamuté, uma imagem de desolação e desamparo e traz a opinião abalizada de Iracema sobre o assunto.
Conheci Iracema Medrado em Curaçá. À época morávamos no Curaçá Hotel, de Maria Roselita e Adelson Xavier e estudávamos no Colégio Municipal Professor Ivo Braga, Iracema mais à frente, já bem adiantada no caminho da formação escolar e eu tropeçando no desconhecido curso ginasial.
Sempre elegante, discreta, comedida e, sobretudo, impressionantemente educada, Iracema Medrado é uma daquelas pessoas que valeu a pena ter conhecido.
Estávamos na segunda metade da década de 1970. Saí de Curaçá, nunca mais vi Iracema. O passar das décadas alargou o caminho para a distância.
Ficou a saudade do tempo, das pessoas, de tudo.
Volto à postagem de Iracema.
Diz Iracema Medrado, dentre outras reflexões e ponderações:
“Quanto ao êxodo da Igreja Católica para outros seguimentos, a culpa é nossa e não da falta de assistência da Igreja.
A Igreja Católica, pela quantidade de fiéis que tem, se torna impossível, acompanhar cada um de forma minuciosa.
Enquanto os seguimentos de outras religiões e seitas, bem menores, insaciáveis por adeptos, caem em cima, com unhas e dentes, num momento que o fiel está fragilizado, carente, muitas vezes passando por momentos de dificuldade financeira e muitos são arrastados pela famosa teoria da evolução, por um enriquecimento rápido, por tantas propagandas enganosas e tantas lavagens cerebrais.
Insisto na nossa culpa, porque batizamos nossos filhos na nossa fé, ainda inocentes, e não cumprimos com nossa responsabilidade de sermos os primeiros catequistas dos nossos filhos.
Sempre delegamos a terceiros nosso compromisso de tornar concreta, conhecida, imbuídos na fé, a religião que escolhemos seguir com nossa família.
Sempre achamos que os responsáveis pela catequese de nossos filhos são os padres ou catequistas.
Ninguém pega o catecismo da Igreja Católica pra estudar e repassar para família.
É bem mais fácil culpar a Igreja como um todo. Muita gente boa deveria deixar de batizar seus filhos quando a fé e o conhecimento não fossem suficientes para conduzir o rebanho.
Infelizmente, ainda batizam pra completar o álbum da criança e fazer aquele churrasco, movido á bebida alcoólica, o que não é permitido dentro da “Igreja Una Santa Católica e Apostólica Romana”.
Fechadas as aspas, pergunto: o momento de fragilidade dos fiéis católicos que enseja a mudança para outras denominações religiosas não seria decorrente da ausência da Igreja Católica na vida dessas pessoas? O caso de Patamuté a que o blog se refere não seria um exemplo desse descaso da Igreja?
Como se vê, não é bem uma reclamação de Iracema Medrado, mas uma constatação e uma verdade que o blog acolhe, concorda e agradece.
No mais, deixo um abraço para Iracema Medrado e o registro da saudade.
araujo-costa@uol.com.br