O presidente Bolsonaro, em mais um de seus destemperos verbais, chamou o governador do Maranhão de “gordo”, o que desagradou à turma do politicamente correto, que costuma saudar “a todos e a todas” e acha que está falando vernáculo castiço.
Há algum tempo, não muito longe, fui à missa. Costumo ir à missa. O padre, que certamente trocou os livros de gramática pelos compêndios de ideologia política, começou assim: “bom dia a todos e a todas”.
Retirei-me imediatamente. Não havia mais o que ouvir ali daquele padre. Ele deve ter faltado às melhores aulas do seminário e desprezado as preleções dos professores de português.
Se um sacerdote não entende as mínimas regras da Língua Portuguesa, como interpretar a Bíblia e os princípios teológicos?
Flávio Dino, que é um sujeito espirituoso, levou a provocação de Bolsonaro na esportiva e o mandou ir “trabalhar”, depois de chamá-lo de “fracassado e bisonho” (O Globo, 12/01/2022).
Resta saber se o espevitado e desocupado senador-holofote Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo para Bolsonaro explicar-se judicialmente.
Neste recesso parlamentar, Randolfe Rodrigues deve estar entre a cruz e a espada: não sabe se pendura melancia no pescoço para aparecer ou se continua correndo atrás dos holofotes da imprensa lulopetista, o que dá no mesmo.
Sempre entendi que presidente da República não deve sair por aí, falando o que pensa, mormente se o que fala é besteira e geralmente é, principalmente se ao presidente falta-lhe um parafuso.
Vivi na ditadura militar.
Todos os generais-presidentes, mormente os mais “linha-dura”, Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici tinham seus porta-vozes, que falavam em nome do governo.
Assim, os demais, até a redemocratização.
Os presidentes só falavam em rede nacional de rádio e televisão em ocasiões especiais.
Bolsonaro não segue a liturgia do cargo, não sabe o que é liturgia do cargo.
Bolsonaro confunde democracia com deturpação de regras elementares.
Presidente da República não deve falar o que pensa, se pensa. No fundo, o presidente deve curvar-se à hipocrisia, àquilo que o povo quer ouvir. E o povo gosta de ser enganado.
O presidente Bolsonaro sai, por aí, falando a torto e a direito e acaba dando munição para a oposição e a imprensa, que no fundo é a mesma coisa, nesta quadra do tempo.
Os grandes órgãos de imprensa passaram a ser redutos de oposição ao governo e extensão de partidos políticos de esquerda.
Na campanha eleitoral de 2022, morreremos de tédio ou nossos tímpanos serão estourados.
Que Deus nos proteja das lorotas de Lula da Silva, das imbecilidades de Bolsonaro, do amadorismo de Sérgio Moro, das sandices de Ciro Gomes e das idiotices do governador-pavão João Dória, dentre outras temeridades.
São muitas.
araujo-costa@uol.com.br