Curaçá, Luizinho Lopes e o desmantelo do mundo

O vaqueiro Luizinho Lopes e Salvador Lopes, em evento em Curaçá/Crédito: Grupo Curaçá City

Luizinho Lopes chegou aos 103 anos.

Curaçá está em festa, festa de abraços dos amigos de Luizinho, festa em comemoração à vida de Luizinho.

Nesta quadra do tempo – e do passar do tempo de Luizinho – a festa boa não é necessariamente o adjunto, a reunião de pessoas, mas a constatação de que Curaçá está feliz com a presença do aniversariante ilustre.

Retirei d’algum lugar, fragmento do texto de Esmeraldo Lopes, nosso sabido e sempre admirado sociólogo de Curaçá:

“Luizinho é um desses sujeitos que gosta de palestrar, mas às vezes se põe na posição de escutador. E quando está assim, fica ali no silêncio, enrosca as mãos no corpo, cochila, acorda, cochila… Entre todos os assuntos, o que mais lhe atrai são as mudanças do mundo. Ele sempre afirma que o mundo não tem mais jeito, que nada mais lhe surpreende, que está tudo desmantelado.

Mas outro dia ele estava como escutador e chegou um seu camarada e veio contando: “Rapaz, não sei se vocês já ouviram dizer, mas a mulher do finado… tá de homem”. Luizinho, que estava cochilando, levantou a cabeça na rapidez de um piscar e bradou: “Já vi que passou o planeta. Só escapa quem voa!”

Esmeraldo Lopes é abalizado e insuspeito para falar sobre Luizinho Lopes. É catedrático na arte de decifrar o entender dos curaçaenses.

Esteio de sabedoria e decência, Luizinho Lopes é um sustentáculo da história de Curaçá.  

araujo-costa@uol.com.br

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