
Exemplo de homem público, de dignidade e de caráter irrepreensível, Josiel faleceu em 16/02/2022.
José Calazans Bezerra (Josiel) nasceu em Quijingue, ainda município de Tucano e se mudou jovem para Chorrochó. Elegante, cabelos negros, boa pinta, sorriso fácil, educado e atencioso, logo ganhou a simpatia de todos, ou de quase todos de Chorrochó.
Casou-se com Maria Menezes Mattos Bezerra, de tradicional família de Chorrochó, filha de Anna Mattos de Menezes (Quininha) e João Matos Cardoso e com ela constituiu família decente e honrada, incluídos aí os filhos José Calazans Bezerra Filho, Ana Maria Mattos Bezerra Brandão e Josiel Calazans Menezes Bezerra.
Todavia, isto é assunto longo para quem entende de história e este não é o meu caso. Preocupo-me tão somente com o registro do caminhar das boas pessoas, dos feitos que praticaram e das amizades que construíram.
A memória esburacada pode produzir o vexame de grafar nomes errados, confundir datas e misturar alhos com bugalhos. Corro o risco de arranhar os fatos e mutilar a história. É melhor deixar a tarefa para os entendidos.
Mas – e sempre há um mas – Josiel entrou na política, impulsionado pelos ventos soprados sobre o ainda jovem município e se elegeu prefeito de Chorrochó com 1.888 votos apoiado pelos deputados estaduais José Bezerra Neto e José Eloy de Carvalho e de duas lideranças nacionais, ícones da política da Bahia, os deputados federais Manoel Cavalcanti Novaes, pernambucano de Floresta e sua esposa, a paulista Necy Novaes.
Município novo à época (1963/1967), Chorrochó vivia um clima saudável com um prefeito jovem, socialmente admirável e impressionantemente dinâmico.
Josiel era mesmo admirável.
Josiel cercou-se de nomes respeitáveis da sociedade chorrochoense, a exemplo de José Pacheco de Menezes (Deca), João Mattos Cardoso e Joviniano Cordeiro.
A Câmara Municipal deu-lhe folgada maioria com os vereadores Sebastião Pereira da Silva (Baião), Aurélio Alves de Barros, Lucas Alventino, Pascoal de Almeida Lima e seu cunhado Vivaldo Cardoso de Menezes.
Vivaldo entendia desde burocracia da fiscalização estadual até política de bastidores de Chorrochó, além de instrumentos musicais. Vereador atuante, presidiu a Câmara Municipal e sustentou, com sabedoria, os altos e baixos da política local.
A administração de Josiel registrou alguns feitos compatíveis com as condições que o município permitia na ocasião: construiu uma barragem para abastecer a sede do município, iniciou a construção do Grupo Escolar Luís Viana Filho e do Posto Médico Francisco Pacheco (terminado na segunda administração de Dorotheu Pacheco de Menezes) e impulsionou o esporte local, além da conservação de estradas, prédios públicos e do campo de aviação.
Já fora da atividade política, Josiel manteve grande carisma junto aos munícipes, incompatível com o ostracismo a que se impôs voluntariamente depois de deixar a vida política.
Juazeiro foi seu refúgio voluntário.
Simpático, atencioso, sensato, indispensável em qualquer reunião de amigos. Afastou-se de disputas eleitorais, embora nunca tenha se afastado de Chorrochó e do apego às tradições locais.
Quando podia, era assíduo frequentador e participante ativo da principal festa da cidade, a do padroeiro Senhor do Bonfim.
Pessoa admirável, Josiel também construiu a história de Chorrochó.
É salutar que os órgãos públicos municipais responsáveis pela sedimentação da história de Chorrochó não se esqueçam de evidenciar o nome de Josiel, dando-lhe o destaque merecido que teve na construção da sociedade local.
Deixo pêsames à família de Josiel.
Que Senhor do Bonfim lhe indique o caminho rumo à eternidade e Deus o ampare.
araujo-costa@uol.com.br