Sérgio Moro, o Nordeste e os milhões não explicados

Sérgio Moro/Estadão Conteúdo/Ernesto Rodrigues

O conhecimento do ex-juiz Sérgio Moro sobre o Nordeste é tão duvidoso quanto o seu caráter.

Pré-candidato a presidente a República (Podemos), depois de recente visita ao Ceará, Sérgio Moro escreveu em sua rede social:

“Ouvi de agricultores do agreste cearense que as maiores dificuldades enfrentadas por eles são a falta de chuva, de crédito e de seguro. Garantir boas condições ao homem do campo e fortalecer o agronegócio, trator da nossa economia, estão no centro do nosso projeto”.

Entretanto, agreste é uma sub-região que não existe no Ceará.

Todo o território do estado do Ceará assenta-se no sertão, de clima quente e seco, diferentemente do agreste, que é semiárido e abrange, por exemplo, os estados de Alagoas, Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Sérgio Moro errou geograficamente, rude e grosseiramente .

Em toda a região Nordeste, Sérgio Moro amarga 3% das intenções de voto e com esse assustador conhecimento sobre a região a tendência é exalar-se no limbo da indiferença dos nordestinos.

O mínimo que se espera de um candidato a presidente da República é que seja bem informado, bem assessorado ou, no mínimo, adquira alguns conhecimentos sobre os lugares que visita e pretende angariar votos.

Sérgio Moro ainda não conseguiu explicar – nem vai conseguir – como fez a façanha de ganhar R$ 3,7 milhões somente em um ano, da empresa americana Alvarez & Marsal, que cuida da recuperação financeira da Odebrecht, que ele arruinou quando juiz de Curitiba à frente da operação Lava Jato.  

O Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizou que seu serviço de inteligência identificou contradições entre os documentos apresentados por Sérgio Moro, para tentar justificar a bufunfa recebida e a documentação exibida, com a mesma finalidade, pela empresa onde o ex-juiz trabalhou (Coluna de Mônica Bergamo, Folha de S.Paulo, 18/02/2022).

Ressalte-se que não é errado qualquer ex-juiz prestar serviços a consultorias da iniciativa privada, qualquer que seja ela e a qualquer tempo.

Todavia, Sérgio Moro não consegue explicar porque, em meio a tantas empresas privadas, inclusive no Brasil, ele foi prestar serviços nos Estados Unidos, exatamente para uma empresa americana que cuida da recuperação financeira da Odebrecht, alvo da operação Lava Jato que ele comandou.

Coisas do caráter? Coincidência? Conflito de interesse? Como ele descobriu a vaga? Quem o indicou?

Atabalhoado e perdido, em data recente Sérgio Moro acusou a Polícia Federal de não combater a corrupção. Logo ele que foi ministro da Justiça ao qual a corporação está historicamente vinculada.

A Polícia Federal, em nota oficial, deu um chega pra lá no ingênuo ex-juiz, que ficou com cara de galo e podia ter evitado esse vexame.

Em nota assinada pela Polícia Federal, o órgão acusou Moro de “mentir” e se defendeu, afirmando que efetuou “mais de mil prisões apenas por crimes de corrupção nos últimos três anos” (O Globo, 15/02/2022).

Mais uma fumaça que será esvoaçada na campanha eleitoral contra Sérgio Moro se a ingenuidade do ex-juiz permitir que ele chegue até lá ou Lula da Silva, os petistas, a imprensa lulopetista e parte da esquerda não o aniquilarem politicamente durante a campanha, o que é muito provável.

araujo-costa@uol.com.br

Deixe um comentário