

“Tudo se torna impossível se, de saída, você concluir que é impossível”. jornalista Ricardo Noblat)
Não sei se a imagem e a postagem são antigas ou recentes o que, neste caso, pouco ou nada importa.
Importam o registro da situação, o protesto veemente do filho indignado de Patamuté, a crítica necessária e o cutucar veemente às autoridades municipais que parecem inertes, acomodadas, irresponsavelmente indiferentes.
Josiná Possidônio da Silva, nosso querido Lalá de Patamuté, assim como eu já beirando os 70 anos (Lalá nasceu em outubro de 1952), aparece nas redes sociais firmemente protestando contra o estado de abandono em que se encontra o cemitério de Patamuté.
É uma indignidade à memória dos mortos.
Lembro que em Patamuté, quando uma pessoa falecia, seguia-se um ritual lúgubre, triste, desalentador, marcante: a conversa do sino da igreja, uma espécie de diálogo que ele mantinha com os vivos.
O sino tristemente badalava, indicando o falecimento de alguém do distrito, sítios, fazendas, circunvizinhança.
O sino da igreja de Santo Antonio anunciava a morte a todos. Uma tradição que vem se arrastando há um século, pelo menos.
Quem primeiro tinha conhecimento do infortúnio era o sineiro, um senhor responsável por aquele mister, que cumpria o seu importante papel diante da circunstância: fazia o sino dialogar com a população de Patamuté, informando-a sobre o acontecido e gerando dúvidas, expectativas, curiosidades e esclarecimentos sobre o finado.
Hoje o cemitério de Patamuté para onde iam esses mortos que o sino anunciava encontra-se humilhado pela passagem do tempo e pelo descaso.
Cruzes tristemente espetadas no ar ostentam as marcas da indiferença. O que existe sobrando por lá é a presença inconteste do descaso, do esquecimento, do descuido e do entorpecimento.
A imagem mostrada por Lalá é desalentadora. Ausência de limpeza, manutenção e de organização e, sobretudo, de respeito aos mortos.
O cemitério é municipal e, como tal, deve ser cuidado pela Municipalidade, o que não está sendo feito.
Há quem entenda que a comunidade de Patamuté deve cuidar da manutenção do cemitério. Não acho ser esta a decisão mais correta. A Prefeitura tem atribuições, dentre elas cuidar dos próprios municipais.
Parece razoável ponderar que o distrito de Patamuté carece de uma atenta representação na Câmara Municipal que cobre esse e outros serviços da Prefeitura.
Quando o sino da igreja de Santo Antonio dialogava mais fortemente com a população, o cemitério era bem mais cuidado. Dava-se mais atenção àquela morada dos mortos, abrigo do ocaso das ilusões.
Todavia, mortos não falam, não cobram, não exigem, não reivindicam, não votam. E para suas excelências, as autoridades municipais, pouco ou nada importa um cemitério abandonado. Em Patamuté ou em qualquer lugar.
Mas os parentes dos mortos votam.
Mais do que isto: a memória dos mortos não pode ser espezinhada, desdenhada e tristemente empurrada em direção à nossa cruel indiferença, indiferença de todos nós (inclusive minha) que não exigimos das autoridades os direitos básicos da população de Patamuté.
Todavia, é possível que a Prefeitura de Curaçá retome a decência e dê mais atenção ao distrito de Patamuté.
Observação:
Não cito o crédito das fotos/imagens do cemitério, por desconhecer a autoria, mas deixo o registro do trabalho valioso e útil à população de Patamuté.
araujo-costa@uol.com.br