
Fosse vivo o jornalista Stanislaw Ponte Preta (1923-1968) ele teria material de sobra para lançar outras edições de seu livro FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País).
Primeira besteira:
Alguns ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desconfiam do inexpressivo e vaidoso vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o elegeram como perigosa ameaça à democracia do Brasil, quiçá do mundo.
Suas Excelências querem saber o que o vereador, filho do presidente da República, foi fazer na Rússia, em companhia do pai, que esteve por lá recentemente em visita oficial àquele país.
Presumo que os subidos ministros desconfiam que o obscuro vereador carioca foi vasculhar os antigos arquivos da extinta KGB – a polícia secreta da também extinta URSS – sobre como aprender meios para derrubar a democracia do Brasil.
Neste particular, nossos respeitáveis ministros contam com a idiotice inominável e sempre presente do senador-holofote Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que, por falta do que fazer, vive provocando o Judiciário com pedidos estrambólicos e esquizofrênicos como ele.

Segunda besteira:
Neste mês de março, a diretoria de uma escola do bairro da Penha, zona leste da capital de São Paulo, expulsou um aluno do terceiro ano do ensino médio, por um dia, porque, segundo a escola, ele cometeu atos de indisciplina e transgrediu o regimento escolar.
Transgressão do aluno: levou uma melancia e a dividiu com os colegas nas dependências da escola, no horário do intervalo.
A propósito, Stanislaw Ponte Preta contava que, na época da ditadura militar de 1964, uma mãe de aluno do interior de São Paulo denunciou uma professora aos perigosos órgãos de repressão, acusando-a de comunista, porque tal professora deu nota zero ao filho da denunciante.
Terceira besteira:
Lula da Silva, em vídeo, não sei se já por conta de inserções do PT, disse que os combustíveis estão caro, inclusive gás de cozinha, porque a BR Distribuidora foi privatizada. Demagogo, ele sabe que não é isto, não se trata disto. A BR não decidia política de preços da Petrobras. Compunha-os no final.
Quarta besteira:
A recente entrevista que o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, concedeu ao Roda Viva (TV Cultura) foi primorosa. Magistral, tudo que se esperava de um magistrado e, mais ainda, ministro do STF e do TSE. Serve de aula para estudantes de Direito.
Até tive saudade de meu tempo na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e dos ensinamentos do mestre Ricardo Lewandovisky que, cá entre nós, mudou muito.
Mas, na prática – ora, a prática – o ministro Fachin faz tudo ao contrário. Acha que a democracia do Brasil resulta da vontade de alguns ministros do Judiciário que, como ele, se acham cobertos pelo manto da intocabilidade. Equivocadamente.

A democracia emerge das urnas, da vontade e da soberania popular. E os ministros do STF e TSE, sejam eles esquerdistas, direitistas, militantes do PT ou não, têm a obrigação de submeter-se às leis, como todos nós, pobres mortais.
O equívoco que o ministro Fachin escancara na prática é monumental.
Entretanto, a entrevista que ele concedeu à TV Cultura, convenhamos, foi esplêndida. Pena que hipócrita.
Stanislaw Ponte Preta faz falta.
araujo-costa@uol.com.br