Inspetor de quarteirão, CUT, Alckmin e jornalismo militante

Alguns ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conseguiram a façanha de ressuscitar a figura do inspetor de quarteirão, o guarda da esquina.

Essa figura está hoje bem representada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com assento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que – parece – abdicaram de suas nobres e altas funções de ministros constitucionais de nossa Suprema Corte e passaram a vigiar picuinhas, destemperos verbais e inoportunos de Bolsonaro, idiotices do governo e fofocas inconsequentes disseminadas nas redes sociais.

Essa função seria competentemente exercida por quaisquer inspetores de quarteirão, guardas de esquina (se houvessem) e auxiliares de agentes policiais em início de carreira, sem necessidade de que elevados, respeitáveis e conspícuos ministros se afastassem de suas nobilíssimas e precípuas tarefas no tribunal para se ocuparem de redes sociais e outros assuntos de somenos.

As Brigadas da CUT

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) criou um projeto ambicioso chamado Brigadas Digitais.

Segundo a entidade, “o projeto Brigadas Digitais da CUT nasce como um instrumento estratégico para a classe trabalhadora ocupar as redes sociais e fortalecer a pressão em defesa das pautas e lutas do movimento sindical”.

Ainda segundo a CUT: “Integrantes do Coletivo de Comunicação das CUTs nos estados e ramos, dirigentes sindicais, lideranças, trabalhadoras e trabalhadores em comunicação das entidades sindicais, educadoras e educadores militantes de sindicatos, trabalhadoras e trabalhadores nos seus locais de trabalho e todo  movimento sindical CUTista estão sendo convidados para serem uma ou um comunicador popular, atuar em rede e de forma organizada em uma Brigada Digital para contribuir com a construção de uma nova política de comunicação que dialogue com a classe trabalhadora, com as pautas e saberes e sonhos da classe trabalhadora”. 

Se o objetivo é esse, nada demais. É até louvável. Admirável.

Mas perguntar não ofende

Se essas Brigadas Digitais da CUT tivessem sido criadas por quaisquer entidades ligadas ao bolsonarismo não seriam acusadas de milícias digitais perigosas à democracia?

Se essas Brigadas Digitais da CUT tivessem sido criadas por quaisquer entidades ligadas ao bolsonarismo, o senador-holofote Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já não teria acionado o STF contra elas?

Se essas Brigadas Digitais da CUT tivessem sido criadas por quaisquer entidades ligadas ao bolsonarismo, a grande imprensa não estaria dando destaque exaustivo em seus noticiários diários?

O provável vice de Lula vira caricatura

Há uma corrente do PSDB de São Paulo, incluídos a filha de Mário Covas (um dos fundadores do partido) e José Henrique Lobo, figuras históricas do PSDB, que estão classificando Geraldo Alckmin como “caricatura de si mesmo”.

Só para lembrar: o insigne ministro Alexandre de Moraes (STF/TSE), que presidirá as eleições presidenciais de 2022, foi secretário de Justiça e Defesa da Cidadania do então governador paulista Geraldo Alckmin entre 2002 a 2005.

Agora, Geraldo Alckmin está sendo engendrado como provável vice de Lula, que tem o apoio de ministros do STF, que indicou Alexandre de Morais para o TSE, que comandará as eleições na condição de presidente da Corte Eleitoral.   

Coincidências e coisas da democracia e de nossa privilegiada elite. Viva a democracia!

Jornalismo militante

O veterano jornalista Carlos Alberto Sardenberg, do Grupo Globo, está confundindo formador de opinião com militante político.

Em recente comentário no Jornal das 10, da GloboNews, Sardenberg fez indisfarçável campanha a favor de Lula da Silva, o que, convenhamos, arranha a credibilidade do programa e da emissora, que já é pouca.

Meses atrás, no programa Em Pauta, da mesma emissora, a experiente e sempre elogiável Eliane Cantanhêde surtou de repente e passou a fazer um discurso veemente e fora de lugar, ao vivo, a favor de Lula da Silva, por ocasião da visita do ex-presidente ao Parlamento Europeu.

Não o comparou com Deus, mas chegou perto.

Diante do exagero constrangedor, alguém da produção do programa deve ter advertido a jornalista, pelo ponto eletrônico.

Eliane se recompôs imediatamente do surto lulopetista e ponderou, como se tivesse respondendo à produção do programa: “eu não estou fazendo campanha para o Lula”.

Tarde demais. Ao vivo, não foi possível consertar a gafe.

Lula da Silva é um homem de sorte.   

Dúvida

Médica, pneumologista e pesquisadora respeitada da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, ardorosa defensora do “Fique em Casa”, aliada da esquerda e estrela da GloboNews no auge da pandemia, até hoje não explicou como conseguiu ser infectada pela Covid-19 em 2020, já que estava em casa.

Se ficar em casa evitava a infecção, por que ela se infectou?

araujo-costa@uol.com.br     

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