Sérgio Moro e João Dória afundam na patifaria

João Dória e Sérgio Moro/Reprodução Google

Sérgio Moro: como juiz foi medíocre, parcial, arrogante, incapaz de vislumbrar seus erros, rancoroso; como político é ingênuo, inexperiente, titubeante, trapalhão, desprezível.

Num e noutro caso expõe caráter duvidoso.

À procura de imunidade para enfrentar os dias nebulosos que certamente hão de vir, Sérgio Moro tentou firmar-se como pré-candidato a presidente da República pelo Podemos, o que não deu certo e todo mundo já sabia que não daria certo.

Agora, Sérgio Moro anuncia que vai se candidatar a deputado federal por São Paulo, talvez a senador e, quiçá a vereador de algum município de nossos rincões. Mas alguma coisa ele quer ser, deverá ser.

Entretanto, hoje, amanhã, semana que vem, próximo mês, ele pode mudar de ideia.

Traíra, deselegante, falso. Sérgio Moro se filiou a outro partido (União Brasil), posou, para a imprensa, segurando a ficha de filiação, mas não teve a delicadeza de comunicar ao Podemos que estava de saída, partido que lhe deu guarida e sustentação para ser candidato a presidente.

A deputada Renata Abreu, presidente do Podemos comentou: “Para a surpresa de todos, tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares souberam via imprensa da nova filiação de Moro, sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável” (Folha de S.Paulo, 01/04/2022).

A presunção é de que, sendo ela presidente do partido, a afirmação deve ser verdadeira.

Sérgio Moro está desesperado para cavar o chamado foro por prerrogativa de função (foro privilegiado), mas também à procura de uma “boquinha”, um emprego pago pelo contribuinte que lhe mantenha a fama, dinheiro, sinecura.

Patacoada à parte, depois de jogar para os ares duas décadas de magistratura, a ficha dele deve estar caindo agora, com uma agravante: a memória do povo é curta, daqui a alguns meses ninguém mais se lembrará dele e de seu alardeado e suposto “heroísmo” construído na Lava Jato.

João Dória: vaidoso, arrogante, pernóstico, galhofeiro, debochado, politicamente frágil.

Esfacelou o PSDB de São Paulo – o que já era esperado – traiu companheiros de jornadas políticas anteriores e arvorou-se como candidato a presidente da República, mas não saiu dos 2% nas sondagens de intenção de voto, embora indicado pelas prévias do partido em novembro de 2021.

Bolsonarista de primeira hora e eleito com os votos e na esteira do bolsonarismo, João Dória deu um coice no presidente de quem hoje se diz feroz adversário.      

João Dória prometeu passar o governo do Estado para o vice Rodrigo Garcia, mas impôs uma condição: que Garcia saísse do DEM e ingressasse no PSDB. O vice obedeceu e selou a promessa.

Acordo costurado, agora João Dória tentou recuar, ameaçou não mais sair do governo e abandonar a disputa presidencial.

Jogou a malandragem na imprensa para adquirir visibilidade – já que poucos paulistas lembram que votaram nele – povoou as manchetes e depois recuou do recuo, desistiu da desistência. Saiu do governo e cumpriu o acordo com o vice.

“João Dória esteve decidido a desistir. Mas foi o amigo Orlando Morando, prefeito de São Bernardo, exímio articulador, quem o fez ver que, na política, é preciso honrar a palavra. E Dória havia prometido entregar o governo de São Paulo ao vice, Rodrigo Garcia, e disputar a presidência” (Diário do Poder, 01/04/2022).

João Dória fez mais: usou o aparato oficial do Palácio dos Bandeirantes, a estrutura pública posta à disposição de centenas de prefeitos e políticos convidados e fez o comício de despedida do governo à sombra da mordomia e da desfaçatez.

Campanha eleitoral antecipada claríssima. Mais claro do que isto, só isto.

Não se tem notícia de que os ministros arautos da moralidade eleitoral, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso tenham se manifestado a respeito da festa partidária de João Dória regada a dinheiro público no Palácio dos Bandeirantes.

Pela semelhança de conduta entre ambos, Sérgio Moro e João Dória vão acabar juntos nessas eleições de 2022.

O Brasil ainda está muito longe de se livrar da patifaria política e de seus patifes.

araujo-costa@uol.com.br

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