Na Bahia, a vida da elite petista está difícil.

“A ladroagem é o melhor caminho para chegar ao coração da esquerda” (J.R.Guzzo, in O Estado de S.Paulo, 04/10/2020)

O caso é conhecido. Conta-se nos rincões e montanhas das Minas Gerais.

Fazendeiro abastado deu uma festa para amigos e pessoas de confiança de seus arredores.

Dentre os convidados, “seu” Orozimbo, senhor respeitado e conhecido de todos nas redondezas.

Lá para as tantas, “seu” Orozimbo notou a falta de seu chapéu. Procurou aqui e acolá. Muitos o ajudaram. Nada. Ninguém o achou.

Todos negaram tê-lo furtado, alegando serem honestos. Onde já se viu furtar um chapéu, logo de “seu” Orozimbo? E coisa e tal.

O chapéu não apareceu e, finda a festa, todos se retiraram.

O caso virou adágio popular: “Todo mundo diz que é honesto, mas furtaram o chapéu de “seu” Orozimbo”.

Na Bahia, feudo do Partido dos Trabalhadores (PT), pelo menos 75% dos eleitores de lá são petistas ou votam no PT. Esse quadro pode se repetir nas eleições de 2022, se ACM Neto não conseguir manusear o balaio de problemas em que se transformou a política baiana.

Na Bahia tem de tudo: um senador que, de lambe-botas do carlismo se transformou em arraigado e desprezível defensor de Lula e do petismo; traição entre aliados; brigas internas no PT; criador brigando às escondidas com criatura e por aí vai.

Tem até um Leão pernambucano nessa safadeza política, que nada tem a ver com o zoológico da Bahia, mas vem cutucando Jaques Wagner, o único senador de verdade da Bahia. Os outros dois são simulacros, arremedos, imitações.

O governador Rui Costa confessou que colocaram “a faca no pescoço” dele para definir-se sobre o seguinte quiproquó: se ele vai ficar no governo da Bahia ou concorre ao Senado Federal.

Rui Costa acabou cedendo e ficando, não se sabe se em razão da faca imaginária ou dos conchavos espúrios que estão rolando nas entranhas da política baiana.

Parafraseando o baiano Sebastião Nery, honra e glória do jornalismo político nacional: se colocar a Situação e a Oposição da Bahia dentro de um coco, é provável que não sairá nenhuma batida, mas é seguramente certo que o coco apodrece.

Na Bahia, o lulopetismo abunda e, em consequência, segundo os petistas, todos são honestos.

Nem tudo que se vê na imprensa é verdade. Mas, neste caso, parece que é.

Em 31/03/2022, o poderoso PT da Bahia fez um evento fechado, em Salvador, com autoridades locais e seus militantes, para lançar a pré-candidatura do ex-secretário estadual Jerônimo Rodrigues ao governo do Estado, com pompa e circunstância, inclusive com a presença do ex-presidente Lula da Silva, estrela maior da festa.

Lula deitou falação, gesticulou, contou lorotas, fez campanha antecipada, que os ministros do TSE Alexandre de Moraes, Barroso, Fachin e o espevitado senador-holofote Randolfe Rodrigues não conseguem enxergar, nem enxergarão nunca, por uma razão muito simples: o candidato que o STF e o TSE querem eleger é Lula da Silva e não se fala mais noutro, nem por hipótese. 

Os baianos acreditam piamente no morubixaba de Caetés.

No evento de 31/03/2022 que, evidentemente, só tinha petistas e admiradores do PT e, portanto, todos honestos, furtaram o celular de uso pessoal e que estava na bolsa da prefeita de Lauro de Freitas, também do PT.

Presume-se que ao redor da prefeita e de sua bolsa, além de seus seguranças, ficaram somente pessoas que lhe são próximas e certamente petistas, por óbvio.

Seguranças não permitem que estranhos fiquem próximos de autoridades, exceto pessoas acima de qualquer suspeita. 

Pois é. Numa reunião de petistas, furtaram o telefone celular da prefeita petista.

A coisa está difícil no PT da Bahia.

araujo-costa@uol.com.br

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