Marcos Goes: a vida lhe deu mais do que a dor

Numa declaração profunda, reflexiva, espécie de estocada em nossas arrogâncias, Marcos Goes disse, não faz muito tempo, do alto de sua humildade: “A vida poderia ter me dado mais do que a dor”.

Um dos mais claros e inequívocos exemplos de superação – para falar a linguagem de hoje – o curaçaense Marcos Goes deixa lições de como conseguir viver, com sabedoria, diante de dificuldades tão assustadoras, inexplicáveis e presumivelmente insuperáveis.    

Ele enfrentou percalços, que talvez nenhum de nós tenhamos forças suficientes para enfrentá-los.

Confesso, eu seria incapaz.

As dificuldades que Marcos Goes enfrentou sabemos difíceis, quiçá incontornáveis.

Mas ele as encarou durante décadas, altivo, impressionantemente admirável, um gigante diante do mundo.

Passei a ser seu admirador quando comecei a ter contato com seus textos, suas posições diante do mundo, seu otimismo, seu poder de convencimento e, sobretudo, o ajoelhar-se diante do impossível, mas que ele o transformou em possível.

Meu último contato com Marcos Goes foi um tanto sucinto, mas profundo. Guardo-o como alento para o prosseguir da caminhada.

Como ele sabia interpretar as dificuldades!

O relato que ele fazia de sua infância, de sua juventude e o chegar à fase adulta é impressionante: “a falta de um amigo, lágrimas em profusão”, a solidão, a dificuldade para enfrentar a escola, a sociedade, o preconceito.

Mas a vida lhe deu mais do que a dor: deu-lhe inteligência e coragem, capacidade de resistência, amigos, muitos amigos, incontáveis amigos. Deu-lhe a família que lhe amparou, deu-lhe a razão do bem viver.

Que Deus o ampare na eternidade.

Vá em paz, Marcos Goes.

Curaçá fica com a saudade.

Nós ficamos com a saudade.

Post scriptum:

A foto que encima esta matéria foi tirada da página de Marcos Goes do Facebook.

araujo-costa@uol.com.br

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