Em 1969, o poderoso general Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), que foi chefe do temido Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de inteligência da ditadura militar no período de 1967-1969 era chefe do então III Exército e foi indicado pelo Alto Comando das Forças Armadas para presidente da República, em substituição ao general-presidente Arthur da Costa e Silva.
Um dia, o jornalista Carlos Fehlberg, da Zero Hora, de Porto Alegre, crítico feroz da ditadura, chegou à redação do jornal, onde trabalhava e lhe informaram que o general Médici estava à sua procura.
Em pânico, comunicou aos colegas e à família que talvez fosse preso, torturado e, quiçá, morto.
Nada disto. Ao contrário, ficou sabendo que Médici queria lhe convidar para ser seu assessor de comunicação e com isto neutralizar as críticas do jornalista à ditadura.
A imprensa servil à ditadura, à frente Rede Globo (Jornal O Globo e TV Globo, que ainda não era rede, à época serviçal dos militares e, hoje, contraditoriamente, lambe botas da esquerda), endeusava os chefes militares e, em consequência, ganhou muito dinheiro e cresceu à sombra da ditadura. A Globo se tornou um dos órgãos de comunicação mais poderosos do mundo.
Mas a imprensa é o túmulo dos vaidosos.
Basta citar que, contraditoriamente, jornalistas que foram ou são expoentes do Grupo Globo, a exemplo de Miriam Leitão e o ex-guerrilheiro petista Franklin Martins e outros tantos, defendem despudoradamente Lula da Silva e seus descalabros.
Deixando os prolegômenos, anotem aí: daqui a uns meses, a imprensa não mais citará os nomes de figuras estrambólicas como o ingênuo Sérgio Moro; o hipócrita Omar Aziz, senador do Amazonas; o ridículo senador Randolfe Rodrigues, do Amapá (exceto se for ministro de eventual governo Lula); o pernóstico João Dória, ex-governador de São Paulo; o senador baiano e admirador de protozoário Otto Alencar e tantas outras figuras ridículas produzidas pela política nacional.
Aparecerão outros, também ridículos, que ocuparão o noticiário nacional. E desaparecerão em seguida, porquanto insignificantes. E os insignificantes têm prazo de validade.
Entretanto, Lula da Silva continuará na pauta dos grandes órgãos de imprensa, por duas razões óbvias: transita, livremente, entre as classes sociais mais necessitadas, que ainda acreditam nele – e segundo o próprio Lula, matou a fome de todos os brasileiros carentes e os tirou da pobreza – e a elite financeira nacional que mais ganhou nos governos petistas, segundo o próprio Lula diz orgulhosamente.
Como se vê – e se verá – a imprensa é o túmulo dos vaidosos.
Tolos de toda ordem dizem que Lula da Silva é comunista.
Lula não é e nunca foi comunista. Lula não é solidário, não gosta de dividir nada com ninguém, tampouco com os que acreditam nele.
Lula gosta de dinheiro, muito dinheiro, de vida nababesca: luxo, jatinhos, mansões, bebidas caríssimas, et cetera. Aliás, uma das características da esquerda: quando oposição, critica; quando no poder, abocanha o que for possível, principalmente dinheiro público.
Se colocar esquerda e direita dentro do mesmo espaço o ambiente apodrece, fica irrespirável. Ambas são iguais.
Quem conhece Lula de perto sabe que ele não é comunista e escorrega de um lado ao outro da seara política, de acordo com suas conveniências.
Quem lê ou leu meus textos lembra de duas frases, que sempre repito: uma minha, segundo a qual Lula é o único aposentado do Brasil que ficou milionário e outra do intelectual Ferreira Gullar, que foi admirador petista e membro da Academia Brasileira de Letras: “de tanto defender os pobres, os petistas acabaram ficando ricos”.
Quem tiver dúvida, pergunte a Palocci, ex-ministro da Fazenda e amigo de Lula.
Mas a imprensa é, sem dúvida, o túmulo dos vaidosos. Destaca aqueles que hoje são poderosos e acham que continuarão sendo manchetes do dia a dia.
Depois os empurrará no despenhadeiro de suas ilusões e imbecilidades.
araujo-costa@uol.com.br