Curaçá e a Festa dos Vaqueiros

Dois gigantes da cultura nordestina: à esquerda, Gilberto Bahia (Curaçá-BA); à direita, padre João Câncio (Petrolina-PE). Créditos no texto.

Iam-se-me brotando lembranças de minha sanfranciscana e querida Curaçá, quando me deparo com uma enriquecedora matéria da lavra do jornalista e escritor curaçaense Maurízio Bim, com o título questionador Curaçá realmente é a capital dos Vaqueiros?

Maurízio faz um apanhado histórico – coisa que sabe fazer muito bem – da Festa dos Vaqueiros da pernambucana Serrita, comparando-a com alguns pontos de nossa quase septuagenária Festa dos Vaqueiros de Curaçá, criada pelo ínclito Gilberto da Silveira Bahia, à época prefeito do município baiano no período de 1959-1963.

Bem estruturada, não há o que acrescentar à brilhante matéria do jornalista curaçaense, nem tenho propósito e conhecimento para isto e, evidentemente, não é o caso.

O artigo é completo, rico, irretocável e deverá, doravante, fazer parte do acervo da Sociedade dos Vaqueiros de Curaçá.

Limito-me a borboletear lembranças do padre João Câncio dos Santos (1936-1989), criador e protagonista da Missa dos Vaqueiros de Serrita que, anos mais tarde, foi meu contemporâneo na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, em São Paulo.

A foto dele que faço constar neste artigo é de nosso álbum de formatura em Direito.  

Quanto à foto histórica de Gilberto Bahia, surrupiei-a da página (facebook) do conspícuo vereador e seu neto Rogério Bahia, de Curaçá, que muito admiro.   

Petrolinense de mente brilhante e orador culto, discípulo de D. Avelar Brandão Vilela, que o ordenou padre, João Câncio era admirável. Guardo memoráveis lições de suas conversas embasadas em Filosofia, que aprendeu no Seminário Central da Bahia e em Teologia, que se abeberou no Seminário Regional de João Pessoa, na Paraíba.    

Quando o conheci, padre João Câncio já havia deixado o ministério sacerdotal para casar-se. Se não me falha a memória, a última missa que celebrou foi em Bodocó-PE, em março de 1981. Ele foi pároco de lá.

A Diocese de Petrolina deu-lhe o esteio e a luz para clarear seu caminho de sacerdote.

O padre João Câncio tinha humildade impressionante, mas não abdicava de sua inquietude intelectual, o que não é incompatível.

A vida nos permite alguns encontros, uns insólitos, outros fortuitos e passageiros, outros tantos valiosos, mas todos acrescentam experiência e capacidade de reflexão.

Voltando ao artigo de Maurízio Bim, classifico-o como muito oportuno, tendo em vista hipotética disputa quanto ao título de capital dos Vaqueiros: Curaçá ou Serrita.

O mérito de Curaçá é ter Gilberto Bahia como filho, honra e glória do lugar e idealizador da Festa dos Vaqueiros, ajudado por outros abnegados curaçaenses .

O alargar do círculo dessa cultura cabe a todos nós curaçaenses.

araujo-costa@uol.com.br     

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