
Juracy Magalhães, que foi governador da Bahia, dizia que “os melhores amigos do mundo são os baianos”.
Não discordo, mas não alcanço esse exagero. Sou baiano e não me considero um bom amigo de quem sou amigo. Contudo, até que tenho tentado.
Penso que amigos não se definem pela região geográfica, mas pelo lugar que ocupam em nosso coração, terra difícil que ninguém nunca andou, às vezes espinhosa, às vezes macia, outras tantas perigosa. Mas sempre envolta em mistérios. Assim acreditamos.
Vai longe no tempo. Conheci Margareth Gomes Pires, em Chorrochó. Cada um curtiu o seu tempo, as amizades e o glamour de Chorrochó a seu modo, de acordo com as peculiaridades da época. O fato é que a conheci lá.
Em data recente, a professora Margareth esclareceu que é descendente da ilustre família Menezes que, nalguns casos, há uma variante também conhecida como Pires Monte Santo.
O avô de Margareth era João Pires Monte Santo, irmão de Antonio Pires de Menezes (Dodô), que foi prefeito de Chorrochó no período de 1971-1973 e também carregava a decência do tronco familiar Monte Santo. Dodô era casado com D. Francisca Abreu. O casal teve os filhos Rita de Cássia Abreu Pires e Walter Balduino de Abreu Pires, salvo engano. Minha memória esburacada pelo tempo não me permite ir além.
Dodô tinha lastro eleitoral no simpático povoado de Várzea da Ema. Conheci-o em Chorrochó, elegantemente vestido, educado e atencioso.
Na segunda metade da década de 1970, Margareth frequentou o Colégio Estadual Wilson Gonçalves, do Crato, no chamado cariri cearense, depois a Universidade de Brasília, o Instituto Anísio Teixeira, em Salvador e o Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco (CESVASF).
Não sei exatamente a razão, Margareth abancou-se no querido Colégio Estadual São José, de Chorrochó, que ainda não era estadual, mas acabou sendo e por lá ficou na condição de professora, que todos passaram a gostar e admirar.
A professora Margareth laborou na metodologia do ensino e na educação ambiental, dentre outras áreas, sempre com destacada dedicação.
Fez escola e fez amigos em Chorrochó e enriqueceu o lugar com sua amizade. Não cabe, aqui, dizer por quanto tempo, para não arranhar as regras de etiqueta, até porque Margareth já cumpriu sua missão de docente e hoje se dá o direito de viver onde quiser.
Há algum tempo, fui agraciado com o Troféu Destaque de 2017 instituído pelo site Chorrochoonline, valiosa iniciativa do dinâmico comunicador Edimar Carvalho. Fiquei lisonjeado, mas não pude ir receber o troféu.
Consultados meus botões, entendi que uma amiga me representaria muito bem no evento de entrega do troféu, em Chorrochó, que se deu na manhã de 16/12/2017 na Câmara Municipal. Dito e feito.
Escolhi a professora Margareth Gomes Pires para a tarefa. Ela foi com muita elegância e presteza e fez o papel muito bem, melhor do que eu.
Já se vão por aí alguns anos. Ainda não fui buscar o troféu, que Margareth guarda zelosamente, o que muito me honra, agradeço desvanecido e peço escusas pelo trabalho que lhe dei.
Laudimiro Batista Veras, exemplo de decência e honradez, que foi meu colega no curso ginasial do Colégio Normal São José (hoje CESJ), exímio orador, brincalhão e gozador, certa vez me aconselhou: “Se você for convidado para uma solenidade e tiver vergonha ou timidez, não souber ou não se achar preparado para falar, se faça representar. O representante fará melhor que você”.
Nunca esqueci a lição.
Laudimiro, que já se foi, Lenisse Oliveira Alves de Santana, Antonio Wilson de Menezes e Acioli Silva, que estão por aí, dentre outros, foram meus colegas de classe no antigo prédio do São José, que a insensatez das autoridades locais transformaram em escombros e poeira.
O fato é que demorei algum tempo para agradecer à professora Margareth Gomes Pires por ter me representado naquela ocasião. Mas o fiz publicamente, como forma de reconhecer sua elevada condição de insigne professora e amiga.
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