Em Patamuté, o difícil adeus de Maria Batista

Maria Batista e suas filhas Núbia e Maria de Lourdes/perfis de ambas no facebook

“O essencial é invisível para os olhos e só se ver bem com o coração”(Antoine de Saint-Exupéry)

A notícia cruel e dilacerante do falecimento de Maria Batista trouxe-me algumas reflexões sobre a efemeridade da vida, o indizível da morte e os desígnios de Deus.

A professora Maria Batista Rodrigues de Souza (1945-2022) agora é saudade e lembrança.

Havia algum tempo que tínhamos conversado. Sou relapso, negligente quanto ao contato com os amigos, mas é meu jeito de ser e isto não ofusca minha forma de gostar, de amar, de considerar.    

No último dia 24 de junho, semana do aniversário de 100 anos de sua mãe Joana Maria da Conceição (Janoca), Maria Batista me surpreendeu com um telefonema já à noite. Alcançou-me no escritório, findo o expediente e longe da balbúrdia estonteante e selvagem do dia.

Conversamos muito, rimos bastante. Conversa boa, saudosa, amena, sem tempo de acabar. Como fiquei feliz com aquele contato!

Maria falou de nossos amigos comuns que se foram (citou Evaldo e Joãozito, de Chorrochó) e de sua saúde que, segundo disse, estava boa e compatível com o que a idade nos dá como razoável.

Falou de um enfarte que havia sofrido há alguns anos – e que eu não sabia – disse que faria uma cirurgia em breve em Salvador, decorrente de problemas do coração, estava aguardando, procedimento comum, mas nada grave.

Reclamou de minha demora em aparecer pelas bandas de Patamuté, interessou-se em saber de minha família, falamos de saudade, amigos de Chorrochó, Patamuté, Curaçá, lembranças da caatinga, uma espécie de visita ao tempo passado.  

Já escrevi algumas vezes sobre a professora Maria Batista e de sua dedicação às causas que abraçou. Foram muitas, que ela sempre desempenhou com responsabilidade e afinco.

Hoje falo somente da amiga, tão somente da amiga, estritamente da amiga, da saudade, do seu difícil adeus. Por que agora, Maria? 

Lembro sua generosidade, o sorriso encantador, a humildade, o estar sempre disposta a ajudar.

Neste 17.07.2022 acontece o sepultamento de Maria Batista, em Patamuté. Cenário difícil, realidade cruel, estúpida, insensata.

Nunca estamos preparados para dizer esse adeus.

Maria Batista era essencial e olhava a essencialidade das coisas com o coração. Assim ela via os amigos, os alunos, a comunidade, as pessoas com as quais convivia.

Além do vazio, Maria deixa também a saudade, muita saudade. Patamuté perde um de seus sustentáculos morais e exemplo de vida decente.

Deixou amigos, alunos e admiradores aos quais orgulhosamente me incluo.   

Que Jesus Cristo, redentor do mundo, indique-lhe o caminho. E Deus a ampare.

Pêsames à família.

araujo-costa @uol.com.br  

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