Ditadura de armas, ditadura de toga

Sabem os leitores inteligentes e atentos deste Blog, que são todos, graças a Deus, que não sou lulopetista e não sou bolsonarista.

Emiliano José, escritor e petista baiano de respeito, jornalista sério e, sobretudo, político de caráter irrepreensível, um dos homens honrados da esquerda da Bahia, conta a história, em Lembrança do Mar Cinzento.

O contexto é o início da ditadura de 1964, 02 de abril.

O deputado esquerdista Mário Lima, baiano de Glória, fundador do Sindicato dos Petroleiros, procurou o general Humberto de Mello no quartel-general do Exército, para inteirar-se da situação política.

O então deputado Mário Lima, por óbvio defensor dos trabalhadores, foi recebido aos gritos pelo todo poderoso general Humberto de Mello, chefe da então Região Militar em Salvador, que descontrolado, foi enfático:

– Vocês são uns baderneiros! Fizeram greve em Mataripe, estão querendo subverter a ordem.

– General, sou parlamentar. Vim dialogar e peço respeito.

O general retrucou, arrogante e irredutível:

– O senhor está preso – E mandou trancafiá-lo.

O esclarecimento se faz necessário. Era um deputado que estava sendo preso, sem investigação, sem processo, sem motivo, sem amparo constitucional, sem advogado, sem quaisquer procedimentos processuais.

Parte da esquerda radical do Brasil, que hoje se deleita com os desmandos dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e está sendo beneficiada com as decisões desses ministros e principais cabos eleitorais de Lula da Silva, poderá em breve ouvir a indesejável e ilegal sentença:

– O senhor está preso.  

É preciso ter muita cautela – mais do que isto, ter inteligência – para atentar como estão agindo ministros do STF/TSE que nunca foram magistrados, não sabem o que é redigir uma sentença, desconhecem a nobreza da função de juiz e desprezam o direito de defesa. Eles têm poder monumental e contam com a ausência covarde de fiscalização da sociedade, manejam o dinheiro público dos impostos que pagamos e, conseguintemente, se acham os donos do Brasil.

Extirpem dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral os jatinhos, caviares, lagostas, centenas de assessores, mansões, papel higiênico que pagamos, passeios internacionais, uísques envelhecidos, salários estratosféricos, et cetera e certamente eles se tornarão humildes – ou pelo menos – começarão a respeitar os brasileiros, os direitos dos brasileiros e a Constituição da República.   

Com todo esse poder econômico e toda essa falta de fiscalização é um passo para que eles se transformem em ditadores de toga, o que está acontecendo assustadoramente. Pior: com o olhar complacente de todos nós que nos tornamos covardes, essencialmente covardes.

Repito: não sou bolsonarista, não sou lulopetista, mas é importante observar: a ditadura de toga é tão ruim quanto a ditadura de armas.

Portanto, pelo andar da carruagem, inocentes e deslumbrados lulopetistas de hoje – e não somente lulopetistas – que, eventualmente, um dia venham contrariar os ministros do STF e TSE, poderão ouvir deles uma sonora voz, sem nenhuma chance de defesa:

– O senhor está preso.  

O Brasil precisa acordar e investir na educação. Às pressas, urgentemente.

Os brasileiros precisam estudar, jovens principalmente. Precisamos abrir escolas e desprezar os medíocres, sejam do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Eles são muitos.

Fanatismo de qualquer lado é falta de conhecimento e de educação.

As redes sociais estão infestadas de radicais defensores de Lula da Silva e do presidente Bolsonaro.

A maioria não tem conhecimento do que diz, como diz, porque diz. Xinga e ofende simplesmente.

Uma disparidade, uma temeridade, um perigo.   

araujo-costa@uol.com.br

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