
“Potência de amor e paz, este Brasil faz coisas que ninguém imagina que faz”. (Hino do Sesquicentenário da Independência, 1972).
O Brasil é maior do que algumas passageiras e indesejáveis autoridades de nossos Três Poderes, inobstante muitas delas terem sido colocadas lá mediante a soberania do voto popular e outras tantas através das regras democráticas vigentes. E a democracia é o nosso sustentáculo sem o qual todos claudicamos.
O Brasil não é daqueles que se arvoram donos da Nação, tampouco dos que acham que devem mandar atropelando as leis, a Constituição da República e, em consequência, o ordenamento jurídico nacional como um todo.
O Brasil não é daqueles que arranham diuturnamente o esteio jurídico nacional e espezinham nosso direito de contestar, discordar e dizer a verdade, verdade que eles não se dispõem a ouvi-la.
O Brasil não é daqueles que tolhem a liberdade de pensamento, sufocam a voz da sociedade – ou de alguns segmentos dela – e limitam ilegalmente o direito de expressar, de dizer, de gritar, de apontar erros, de pedir socorro diante das atrocidades.
O Brasil não é daqueles que são indiferentes à fome de milhões de brasileiros, ao tempo em que se encastelam em palácios e mansões e se lambuzam em mordomias sustentadas pelos impostos que todos pagamos.
O Brasil não é daqueles que entendem que assalto aos cofres públicos deve ser relativizado e esquecido, mas daqueles que entendem que os recursos públicos não devem ser subtraídos da sociedade.
O Brasil não é daqueles que retiram à força ou restringem os instrumentos que nos levam aos meios de comunicação postos ao nosso alcance e são fundamentais para o exercício da cidadania e evitam ofuscar a transparência que eles não têm interesse que a sociedade conheça.
O Brasil não é daqueles que se escondem atrás do poder para, através dele, elevarem suas mediocridades acima de nossas consciências.
Lembremos Ruy Barbosa (1849-1923), sempre atual, atualíssimo:

“A Pátria não é ninguém, são todos. Os que a servem são os que não emudecem, não se acovardam.
Cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade.”
O Brasil, não é dos que “furtam, furtavam, furtaram, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse”, como disse Padre Vieira no Sermão do bom ladrão.
O Brasil não é dos que dilapidam os cofres públicos.
O Brasil não é daqueles que desmoronam nossas esperanças e das futuras gerações.
O Brasil não é dos arrogantes e dos imbecis.
Os imbecis são sempre arrogantes.
Lembremos, ainda, o pedido de socorro de Ruy Barbosa, em sua conhecida Oração aos Moços: “Brasil de ontem e amanhã! Dai-nos o de hoje que nos falta”.
Brasil, independência sempre.
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