“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar” (Nelson Rodrigues, jornalista, cronista e escritor pernambucano, 1912-1980)
O abalizado jornal Estado de Minas de 03/10/2022 e outros órgãos de imprensa publicaram que o município baiano de Wanderley, lá para as bandas de Tabocas do Brejo Velho, Barreiras e Formosa do Rio Preto, extremo oeste do Estado, votou em Lula da Silva (PT) quase por unanimidade: 96,61% dos eleitores votaram no ex-presidente.
Como se vê, se não fosse o “quase”, teria havido unanimidade.
O concorrente presidente Bolsonaro (PL) obteve míseros 2,82% dos votos no município. Se foram acertados, não se sabe.
Dizem as notícias, que são “dados do TSE”. Logo, presumem-se verdadeiras, até porque a Folha de S.Paulo, porta voz da esquerda, também publicou a informação e ela não publicaria fake news.
Sou baiano. Caatingueiro e bicho do mato, confesso que tive dificuldade de entender essa quase unanimidade do município de Wanderley.
Ainda bem que outros pouquíssimos votos do município não permitiram que o cronista Nelson Rodrigues tivesse razão por lá.
A Bahia continua feudo do PT. Os baianos estão satisfeitíssimos com os governos petistas, de modo que não há nada a reclamar, nada a melhorar, nada a reivindicar. E o município de Wanderley é uma amostra dessa felicidade baiana.
Jaques Wagner e Rui Costa estão rindo à toa.
A Bahia deve ser um oásis de desenvolvimento encravado na Região Nordeste: a educação está boa, a saúde está ótima, a segurança pública idem, existem muitas estradas e não precisam de consertos, os serviços públicos são impecáveis, os servidores públicos estão satisfeitos, não há suspeita de corrupção, não há fome, não há desempregados e por aí vai.
Convenhamos, uma sociedade que, invés de exigir e discutir propostas e programas de governo de seus candidatos, passa parte da campanha eleitoral do primeiro turno discutindo a cor da pele de um dos candidatos ao governo do Estado, certamente tem dificuldade de ajustar sua vontade às urnas eleitorais.
Que diferença faz para a Bahia ou quaisquer estados da federação se o governador do Estado é branco de olhos verdes ou é preto retinto, pardo, amarelo ou de qualquer cor?
A cor da pele não lhe suprime a inteligência, tampouco o tirocínio administrativo, a seriedade, o zelo com a coisa pública, nem a vergonha na condição de gestor.
A Bahia é um feudo petista confuso. Valha-me Gregório de Matos! Valha-me Ruy Barbosa!
Só resta, neste particular, tirar o chapéu para Lula da Silva, morubixaba de Caetés. Trata-se de um fenômeno eleitoral.
Post escriptum:
Recomendo a leitura das crônicas do conspícuo curaçaense Omar Dias Torres (Babá) que estão sendo publicadas no site http://www.curacaoficial.com.br
Tenho-me deleitado com elas e com a memória, inteligência e sabedoria do autor.
araujo-costa@uol.com.br