
“Sinto que sou duas pessoas distintas. Uma voltada para o lado bom da vida, dessa vida divertida que sempre me atraiu. Outra, pessimista, diante dela e dos homens, revoltada contra este mundo injusto em que vivemos”. (Oscar Niemeyer, 1907-2012, As curvas do tempo – Memórias, Editora Revan, Rio de Janeiro, 1999).
Os amigos comunistas do admirável Oscar Niemeyer, dentre eles o humorista Francisco Milani, gostavam de contar, em tom de pilhéria, que Niemeyer era o único comunista que acreditava no comunismo, mesmo após a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), da queda do muro de Berlim e do retumbante fracasso econômico e social de Cuba.
Gênio estimado e arquiteto construtor de Brasília, Oscar Niemeyer era defensor intransigente do diálogo, da boa convivência entre os contrários e, sobretudo, da humildade.
A arraigada convicção ideológica de Oscar Niemeyer, comunista desde 1945, não o impediu de ser um dos melhores e confidentes amigos do presidente Juscelino Kubitscheck, democrata de ímpar vastidão moral da história de nossa República, donde se vê que a grandeza dos homens é incompatível com a pequenez e inutilidade da arrogância.
Avesso a ditaduras e a regimes autoritários, o comunismo que Oscar Niemeyer sonhou não era o mesmo posto em prática por algumas nações no mundo.

Imagino a beleza das curvas arquitetônicas de Brasília, por ele idealizadas, em contradição com a arrogância de algumas autoridades que se abrigam nos palácios que construiu, a exemplo do edifício do Tribunal Superior Eleitoral.

O que devia ser um monumento à democracia, o edifício do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi transformado por alguns de seus ministros atuais em monumento à arrogância.
Alguns pequeníssimos ministros que trabalham no TSE, de baixa estatura democrática, mas que se arvoram donos do Brasil, são incompatíveis com a grandeza de Oscar Niemeyer.
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