
Ano do decreto de extinção da EBDA, 2016 foi muito difícil para 1.189 empregados efetivos e 797 aposentados, ainda na ativa, além de dezenas de escritórios locais, estações experimentais e centro de formação de pequenos produtores rurais vinculados à agricultura familiar.
Em 2015, quando foi selado o destino da EBDA, em razão da reforma da estrutura organizacional do Estado posta em prática por Rui Costa (PT), a empresa chegou a ter 1.249 empregados, sendo que 825 atuavam no interior, dados do Sindicato dos Trabalhadores Públicos na Área Agrícola do Estado da Bahia (SINTAGRI).
O engenheiro agrônomo e professor Jerônimo Rodrigues, baiano de Aiquara, então Secretário de Desenvolvimento Rural da Bahia, decidiu pela extinção da tradicional Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), pioneira em pesquisa agropecuária, assistência técnica e extensão rural com atuação ramificada nos 417 municípios do Estado durante algumas décadas.
A Secretaria de Desenvolvimento Rural justificou a extinção da EBDA sustentando-se na alegação dos altos custos suportados pela empresa, inviabilizando-a.
Inegável é que o custo político do desastre da liquidação da EBDA foi bancado pelo professor Jerônimo Rodrigues. Como responsável pelo decreto de liquidação, ele é o coveiro da EBDA.
Jerônimo Rodrigues integrou a Comissão de Apoio à Liquidação da EBDA e, portanto, também tem responsabilidade por sua extinção.
Ora, se os custos ditaram a necessidade de extinção da empresa, é difícil entender porque a nova estrutura criada com a BAHIATER (que sucedeu a EBDA), a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) e a Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), todas penduricalhos da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), não ampararam custos semelhantes aos da EBDA.
Em 1995 o BNDES criou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) com o intuito de financiar a atividade de pequenos agricultores e, neste particular, contribuiu com o estados.
Entretanto, dados do SINTAGRI sustentam que em 2018, por exemplo, a Bahia amargava o 7º lugar quanto “ao número proporcional de agricultores familiares com acesso ao crédito rural”, dentre os demais estados do Nordeste, donde se depreende que a extinção da EBDA não produziu os efeitos que Rui Costa e Jerônimo Rodrigues esperavam.
Naquele ano de 2018, somente 40% dos agricultores familiares tiveram acesso ao crédito e pelo menos 360 mil não conseguiram, segundo, ainda, dados do SINTAGRI.
É estranho um estado governado pelo PT, cuja espinha dorsal de sua política econômica sempre foi o dinheiro público como manto protetor da pobreza, deixar tantos pequenos agricultores desamparados.
Feudo do Partido dos Trabalhadores (PT), a Bahia pode eleger o petista Jerônimo Rodrigues para o governo do Estado. Ele começou a campanha em agosto com 16% das intenções de voto, ao passo que o adversário ACM Neto (União Brasil) surfava com 54%.
Salvo engano, Jerônimo Rodrigues teve no primeiro turno 49,45% dos votos válidos e ACM escorregou para baixo e ficou com 40,80%. Isto sustenta a tradição de que, quem tem maioria no primeiro turno ganha a eleição no segundo.
Em quadro assim, a chance de Jerônimo ganhar a eleição em 30 de outubro é real, embora ele diga que os institutos de pesquisas “não têm boa-fé” (Folha de S Paulo, 26.10/2022).
O crédito da foto é do Jornal Correio, de Salvador.
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