Estamos sendo espancados

Nenhum ato truculento ou ilegal deve ser tolerado, seja ele oriundo do Poder Judiciário, do Executivo ou do Legislativo.

Quem hoje aplaude atos dessa natureza, amanhã poderá ser vítima deles. Inarredavelmente vítima.

Só para lembrar:

Há uma escalada de censura no Brasil, inclusive prévia, espancamento à liberdade de expressão individual e agressão violenta à liberdade de manifestação do pensamento, embora direitos assegurados na Constituição da República.

Os excessos devem ser punidos, evidentemente, de acordo com o devido processo legal. Quem ofende, acusa sem provas, calunia e difama deve ser punido. Isto é elementar.

Tudo isto está acontecendo no Brasil em nome da democracia. Há quem acredite. Há quem concorde. Há quem aplauda.

Por isto, a reflexão oportuna sobre o pensamento de Matin Niemoller (pastor luterano alemão, 1892-1984):  

“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar…”

Quaisquer ditaduras, sejam armadas ou disfarçadas de toga, devem ser apontadas, repelidas, contestadas, repudiadas, nos termos da lei.

A função precípua do Poder Judiciário é a composição dos conflitos e não a estimulação deles.

A grandeza do magistrado está em sentar-se ao pé da escada e não o elevar-se ao topo da pirâmide.

A arrogância não faz parte da nobre função do magistrado.

Estamos no estado de direito. Ainda e por enquanto.

Inocentemente, acreditamos que temos Justiça no Brasil.

Sejamos vigilantes.

araujo-costa@uol.com.br

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