Os excertos a seguir são de Danuza Leão (1933-2022), monstro do colunismo social e estão no livro Na sala com Danuza, Editora Schwarcz, São Paulo, 2007).
Danuza Leão, irmã da cantora Nara Leão, foi modelo, jornalista e escritora e casada com Samuel Wainer, jornalista e fundador do jornal Última Hora. Conhecia tudo de sociedade e de coluna social.
As fontes
“É claro que quem te passa uma boa nota um dia vai cobrar, pedindo que você publique uma péssima do interesse dele (ou dela). Para isso foi inventada aquela tripa com notinhas curtas que, na intimidade das redações, é chamada de “lixão”: é lá que são pagas essas contas”.
Os presentes
“Meu bom senso me ensinou que presentes de pouco valor podem ser apenas gentilezas, não caracterizando “jabá”, que é um suborno disfarçado”.
Ensinamento
“Aprendi uma coisa preciosa com o então dono do Jornal do Brasil, Dr. Nascimento Brito: quando se recebe um presente com segundas ou terceiras intenções, desde que não seja tão agressivo quanto uma joia (respeito é bom e eu gosto), não se devolve, mas também não se agradece”.
As famosas festas
“Os organizadores se matam para ter como convidados pessoas famosas, que podem gerar notícias nas colunas e, se possível, matérias em revistas.
Para alcançar essa façanha, são contratados os divulgadores, cuja eficiência é medida pelos famosos que conseguem levar e pelo número de notas que conseguem emplacar.
É preciso sair em jornais, revistas ou na televisão para ser alguém, pois, nesse universo, quem não aparece não é ninguém”.
Quando Danuza Leão escreveu isto não existia a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, recheada de tripas, “os lixões”, tão apreciados por nossa esquerda diurética.
A julgar pela quantidade de tripas diárias, a colunista tem muitas contas para pagar.
Qualquer semelhança entre o texto de Danuza Leão e a coluna de Mônica Bergamo terá sido mera coincidência.
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