Declarações recentes vindas da Igreja Católica Apostólica Romana podem contribuir para o desmoronamento paulatino da fé católica ou, no mínimo, fragilizá-la de forma decisiva neste mundo conturbado e cada vez mais violento e difícil de compreender.
Dispensa de madrinhas e padrinhos nos sacramentos.
“O bispo de três dioceses da província de Caserta, no sul da Itália, decidiu suspender a presença dos padrinhos e madrinhas nos batismos e crismas, experimentalmente, por três anos” (IstoÉ, 05/03/2023).
Monsenhor Giacomo Cirulli expediu um decreto em março, salvo melhor juízo, que redefine batismo, comunhão e o rito de iniciação cristã de adultos em sua área de atuação, de modo que, dentre outros pontos, os padrinhos serão declarados dispensáveis.
Diz o bispo que “no atual contexto sócio-eclesial, o ofício de padrinhos e madrinhas, em sua maioria, perdeu seu valor original”.
Segundo publicou a imprensa – não só a IstoÉ – no entendimento do bispo, a missão dos padrinhos e madrinhas “consiste em acompanhar os catecúmenos ou os candidatos à confirmação ao longo de todo o caminho de fé, e não apenas no momento da celebração do Sacramento. Esse papel perdeu quase totalmente o sentido”, reduzindo-se a uma espécie de cumprimento formal ou costume social.
Ou seja, em três dioceses do sul da Itália não serão mais necessários madrinhas e padrinhos tanto no Batismo quanto no Crisma ou Confirmação da graça do batismo.
Como se vê, Sua Reverendíssima reduziu os padrinhos a mero “cumprimento formal e costume social”. Tornou-os sem nenhuma importância perante a Igreja. Um descalabro, partindo de uma autoridade eclesiástica.
Celibato dos padres
Por outro lado, “o Papa Francisco disse que o celibato dos padres é uma medida temporária e que pode ser revista”.
Em uma entrevista a um site de notícias da Argentina, Francisco lembrou que, mesmo dentro da Igreja Católica, os sacerdotes das igrejas que seguem o rito oriental podem se casar e que o celibato na igreja ocidental é apenas uma receita temporária.
A ordenação, essa sim, é para sempre, mesmo que o padre mais tarde deixe a igreja. Por isso, segundo Francisco, não há contradição no casamento de sacerdotes” (G1/Jornal Nacional, 11/03/2023).
Oportuno lembrar que, segundo a TV Canção Nova, “na manhã da Quinta-feira Santa, o bispo consagra o óleo para ser utilizado no batismo, na confirmação, na ordenação dos sacerdotes e dos bispos e na consagração dos altares e dos sinos. O óleo representa a alegria, a força e a saúde”.
A tradição católica diz que o óleo é de oliveira e perfumado com resina balsâmica.
Entretanto, como se vê, até a tradicional Igreja Romana está mudando.
Pode aí ser a sinalização de uma possível derrubada de alguns dogmas que sustentam a Igreja Católica há séculos.
Novos ventos sopram a Santa Sé e o Vaticano. Isto pode ser o começo do desmoronamento da fé católica que, para grande parte dos fiéis, já não é tão consistente.
Bento XVI (1927-2022) já está fazendo falta.
Antes de ser Papa, ele foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e zeloso vigilante das tradições da Igreja Católica.
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