
Já se vão, por aí, alguns anos.
Elzeneide Monteiro Barbosa faleceu em Curaçá e deixou um vazio dilacerante em todos nós, parentes, amigos, aderentes, admiradores e circunstantes.
Elzeneide fez parte de uma turma irrequieta do Colégio Municipal Professor Ivo Braga e, como tal, era presença constante nas reuniões que fazíamos, jovens alunos envoltos em sonhos e objetivos.
Estávamos na metade da década de 1970.
Compunham essa turma colegial Arivan Evangelista Alves, Elias Pereira Jordão, Eliene Monteiro, Elzi Monteiro Barbosa, Elzeneide Monteiro Barbosa, Suely Maciel de Souza, Tereza Cristina Gomes Miranda, Wilson José Soares Ferreira, David José Ferreira Só, Ivonete Alves Costa, Izabel Cristina, Eliomar Monteiro Costa, Maria de Fátima Araújo, Maridalva Nunes Guimarães, Eloísio Gomes de Miranda, João Pereira Rego, Alice Pereira Rego, Regina Lúcia Xavier e este escrevinhador.
Todavia, deixando de lado a saudade, por enquanto, que não há jeito de empurrá-la definitivamente para o esquecimento, há algum tempo um amigo de Curaçá me perguntou se eu cheguei a conhecer o Bar do Meu Lú que, presumo, vem a ser de propriedade de Eloísio Gomes Miranda e Elzi Monteiro Barbosa Gomes, irmã de Elzeneide e uma das criaturas mais generosas e hospitaleiras que conheci na vida.
A casa de Elzeneide e Elzi foi um dos lugares mais aconchegantes que frequentei em Curaçá. Família decente e espirituosa, nos recebia com muito carinho e frequência regular.
Nossa juventude se foi apressadamente, mas a amizade persistiu, ficou. Os trancos e barrancos da distância não abalaram a construção daquela convivência sadia e alegre.
Houve um tempo em que Curaçá era só felicidade. Hoje mudou um pouco. A violência já chegou por lá e frequenta o noticiário, mas essa é outra história triste que não deve se intrometer nesta crônica já um tanto confusa.
Por falar em felicidade, naquela quadra do tempo cantávamos Lupicínio Rodrigues (“Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora…”) , Medo da Chuva, de Raul Seixas, Não chore mais, de Gilberto Gil, We said Goodbye, de Dave Maclean, She made me cry, do Folhas e tantas outras da época.
Ao amigo que me fez a pergunta, disse-lhe que há alguns anos não vou a Curaçá e na última vez que por lá estive, passagem ligeira e atribulada, não tive o prazer de conhecer o Bar de Meu Lú que também é restaurante.
Às vezes me bate uma curiosidade enciclopédica e garimpei no Google a foto que encima esta crônica. Parece tratar-se do mesmo Bar de Meu Lú, talvez já modificado, talvez não mais assim, que fica na Av. Dr. Pedro Santos Torres, centro de Curaçá.
E se a imagem acima não for do Bar de Meu Lú a que me refiro? Aí eu me penitencio diante da gafe e a excluo deste espaço para aprender a não me intrometer onde não sou chamado.
O fato é que não conheço o Bar do Meu Lú, mas juro que, embora já aos 71 anos, alquebrado em razão dos anos e dos tropeços, pretendo ainda passar algumas horas por lá, ao lado de encantadoras companhias que, aliás, Curaçá sabe cultivar muito bem.
Terra de Zito Torres e José Amâncio Filho (Meu Mano),dentre muitos outros artistas, boêmios e intelectuais, Curaçá se destaca à margem do São Francisco como um dizer indizível de beleza e encantamento.
Certamente o Bar de Meu Lú faz parte desse cenário de encanto sanfranciscano.
araújo-costa@uol.com.br
Uma consideração sobre “Curaçá, bar e boemia”