
Salvo melhor juízo – e se minha esburacada memória não estiver sucumbindo ao abismo da envelhescência – padre Mariano Pietro Brentan chegou a Chorrochó em 04 de janeiro de 1986.
Portanto, já se vão, por aí, mais de trinta e sete anos completados em janeiro, mês em que se realiza a tradicional festa do excelso padroeiro Senhor do Bonfim.
A destinação de padre Mariano como pároco de Chorrochó deu-se em 06 de abril de 1986.
Padre Mariano incumbiu-se da grandiosa tarefa de suceder ao padre e primeiro vigário da paróquia, Ulisses Mônaco da Conceição, ícone admirável da Igreja de Chorrochó e isto por si só se basta: tarefa ingente, honrosa, difícil, grandiosa.
Grande empreendedor, competente zeloso das coisas da Igreja, padre Mariano conciliou, com eficiência, enquanto à frente da paróquia, seu mister de sacerdote, pescador de homens, com um trabalho simultâneo e incessante em benefício de Chorrochó.
Angariou condições para construções voltadas à Igreja e, mais ainda, empreendeu uma admirável obra social direcionada aos paroquianos. São exemplos, salvo engano: a capela Nossa Senhora da Conceição, a construção do Centro Paroquial de Chorrochó, a reforma e ampliação da Casa Paroquial e a instituição do Lar José e Maria.
Com a atuação do padre Mariano, a paróquia deixou de ser um núcleo essencialmente urbano para se transformar num edificante exemplo de amparo também às comunidades rurais de Chorrochó.
Conheci padre Mariano Pietro Brentan em circunstância casual. Eu já morava em São Paulo. Fui-lhe apresentado na residência de Maria do Socorro Menezes Ribeiro e Virgílio Ribeiro de Andrade, em Chorrochó.
Socorro e Virgílio são exemplos edificantes de hospitalidade, amizade e cordialidade. Data inesquecível, memorável, agradavelmente interessante e sobretudo valiosa.
Tivemos uma conversa longa sobre a Igreja, suas tradições e, sobretudo, as dificuldades por que passava um vigário do interior. Em nenhum momento reclamou do exercício de seu mister religioso.
Conversa marcadamente auspiciosa, padre Mariano falou de ritos e de história e até me fez ver a importância do Hino Queremos Deus, um dos mais tradicionais da Igreja Católica. Falou do papel da Igreja no sentido de aplainar a insensatez e ingratidão dos homens que se “erguem em vão contra o Senhor”, em todo o tempo.
Impressionei-me com a decência, cultura e espírito de solidariedade demonstrada por padre Mariano, ilustre representante da Igreja Católica em Chorrochó, à época.
Educado, sonhador, inquieto, responsável ao extremo pelo ofício religioso que lhe foi confiado, padre Mariano é defensor intransigente da fé católica, que a exalta admiravelmente.
O que sei – e sei pouco de sua vida – é que é italiano nascido em 06.06.1938, ordenado em 08 de dezembro de 1985 em Euclides da Cunha e, em razão dessas costumeiras decisões que a Igreja determina aos membros de seu clero, veio parar em Chorrochó.
É que as regras da Santa Sé se baseiam no Direito Canônico e denomina de residente não incardinado a liberação de um religioso pela Igreja, para algum lugar, por determinado tempo.
Ele ficou em nosso meio, para alegria e benefício dos paroquianos de Chorrochó, por alguns anos. Sua presença era admirável, porquanto terna e essencialmente voltada para os assuntos da Igreja.
Dedicado, obediente às normas da Santa Sé universalmente aceitas, padre Mariano veio robustecer a história da Igreja de Chorrochó. Um fato louvável, espiritualmente valioso.
Em 2018, fragilizado em razão de problemas de saúde, pela primeira vez padre Mariano não compareceu aos festejos da festa de Senhor do Bonfim de Chorrochó. Talvez estivesse refletindo sobre o caminho percorrido, sua luta e seu passado de feitos e glórias.
Os esteios da contribuição de padre Mariano para Chorrochó são valiosos.
Não sei por onde anda padre Mariano. Lembro muito dele e lhe desejo saúde longa e disposição para continuar sua luta em favor das coisas de Deus.
Post scriptum:
Li nalgum lugar, não me recordo aonde, que padre Mariano chegou a Chorrochó em julho de 1986 e não em 04 de janeiro e, sendo assim, preciso confirmar a data correta para adequar-me ao fato e corrigir este texto, embora isto hoje e aqui não seja tão urgente. Pode ficar para depois, mas deixo o registro.
araujo-costa@uol.com.br