Os honestos ministros de Lula da Silva, a Codevasf e outras reflexões

“Nem sempre são de heróis as estátuas que nos habituamos a reverenciar em praça pública” (Italino Peruffo, in O Ditador).

Ministros deslumbrados

Ministros de Lula da Silva estão usando jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB), de forma adoidada, para passear em finais de semana, por conta dos sofridos e injustos impostos que pagamos.

O ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), que se transformou em palmatória do Brasil – e se diz honesto – “passou sete finais de semana em São Luís, indo e voltando em voos da FAB e na maior parte dos casos, não teve agenda oficial” (Folha de S.Paulo, 20/05/2023).

Eu pensava, ingenuamente, que o ministro Flávio Dino tem a obrigação de zelar pelo dinheiro público. Errei, como tantas outras vezes.

Aparecem ainda na lista de perdulários do dinheiro público: os petistas Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e atual ministro do Trabalho e Fernando Haddad, ministro da Fazenda.

Faz parte também da lista de deslumbrados a ministra da Saúde, Nísia Trindade, queridinha da GloboNews.

Todos passam finais de semana em suas cidades usando aviões da FAB. Noutras palavras: passeando.

Entretanto, faz-se necessária uma observação: os ministros têm direito a usar aviões da FAB, desde que cumpram alguns requisitos. Decreto presidencial de 2020 restringe as viagens a emergência médica, segurança e a serviço, o que, como se vê, não é o caso.

Tais ministros não podem alegar que se trata de notícia falsa, as chamadas fakes news, como a esquerda exaustivamente gosta de chamar e a incorporou ridiculamente em nosso vocabulário, assim como fez com a palavra “negacionismo”.

O esbanjamento do dinheiro público para sustentar vaidades desses ministros deslumbrados está na Folha de S.Paulo, insuspeito porta voz da esquerda e, portanto, fato inquestionável.

Conseguintemente, não se trata de notícia falsa e os ministros não podem negar. Nem o PT pode negar, tampouco os aliados e puxadinhos do PT.

Codevasf

A Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) continua sendo cabide de emprego e apadrinhamento de aliados do governo Lula da Silva, assim como foi no governo Bolsonaro.

Quem manda na Codevasf é o deputado baiano Elmar Nascimento (União Brasil), de Campo Formoso, que indicou o atual presidente da estatal Marcelo Moreira, mantido por Lula da Silva a troco de apoio político no Congresso Nacional.

Agora o presidente Lula, que a jornalista Eliane Cantanhêde, do Grupo Globo, chama de “gênio”, já sinalizou que vai alargar a área de atuação da Codevasf, criar outras superintendências e alojar mais aliados do governo.

Não há novidade nisto. Lula não está inovando, nem cometendo crime algum. As estatais sempre foram usadas para empregar parentes de políticos, amigos de políticos, amigos dos amigos de políticos, apoiadores de políticos, puxa sacos de políticos e outros sortudos mais.

Moralmente é deplorável e degradante, mas politicamente não é. Nunca foi.

A Codevasf já tem representação em Juazeiro (BA), mas Lula da Silva quer ampliar mais a estatal em Petrolina (PE).

As cidades são vizinhas, separadas pelo Rio São Francisco e unidas pela ponte Presidente Dutra, o que pressupõe que o objetivo não é técnico, mas tão-somente para acomodar os privilégios da poderosa família Coelho, que já tem uma fatia da Codevasf sob o comando de Aurivalter da Silva, ex-assessor de Fernando Bezerra Coelho (MDB) que de repente passou de bolsonarista a lulista desde criancinha.   

Política inescrupulosa é isto, sempre igual. Mudam-se os governos, mas não muda a prática política deletéria.

Um parêntese: minha falta de conhecimento e ignorância geográfica não me permitiam captar que o Amapá e o Mato Grosso fazem parte dos vales do São Francisco e do Parnaíba.

Entretanto, consta que a Codevasf está investindo cerca de R$ 142 milhões no Amapá, estado político do senador Randolfe Rodrigues (Rede, em mudança para o PT), líder do governo no Congresso Nacional.    

Resta-me pedir vênia e confessar a monumental ignorância.

Os deslumbrados do poder usufruem do dinheiro público e a plebe à qual me incluo pensa que sabe votar e escolher bem nas urnas.

Perguntar não ofende

Há mesmo quem acredite que alguns membros do Poder Judiciário que abandonaram a Constituição da República e estão agindo politicamente na linha do “prendo e arrebento” defendem a democracia?

araujo-costa@uol.com.br

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