Sobre o Prefeito de Curaçá

Prefeito Pedro Oliveira, de Curaçá-BA/reprodução google

“Apraz aos velhos dar bons conselhos como consolo por já não estarem em condição de dar maus exemplos.” (François La Rochefoucauld, moralista francês, 1613-1680).

Já se passaram alguns anos.

Leitor de Curaçá que se dava ao trabalho de ler meus textos – e certamente hoje não mais me lê – fez uma observação um tanto irônica: “Você gosta de opinar sobre assuntos de Curaçá, mas nunca lhe vi por aqui”, disse ele.

Noutras palavras, o leitor quis dizer que meto o bedelho onde não sou chamado, sem conhecimento do assunto.

Embora razoável a ponderação, tentei explicar: como não sou nenhuma celebridade, devo ter passado por lá sem ter sido notado pelo atento curaçaense, o que, aliás, não faço a menor questão.

Ademais, não preciso empunhar um archote para ser notado. Confesso que não gosto de exibicionismo, nem sou narcisista.   

Então, já que estou falando de pitacos, cuido aqui do prefeito de Curaçá, brevemente e en passant.

Em política, o gestor é visto mais pelo que não faz do que pelo que faz. Essa premissa chega a ser elementar.

Não conheço Sua Excelência Pedro Oliveira, prefeito de meu altaneiro e baiano município de Curaçá e isto não tem a menor importância para ele e tampouco lhe faz qualquer diferença.   

Até tenho algumas restrições ao alcaide-mor de Curaçá, em razão de seu conhecido e inegável desprezo pelo distrito de Patamuté – sou filho de lá – inobstante eu também nada ter feito pela terra até agora, embora compreensivelmente, porque não sou político nem tenho meios e atribuições para tal.  

Contudo, venho notando ácidas críticas à atuação do prefeito Pedro Oliveira e não sou ingênuo a ponto de não perceber que tais críticas partem de setores isolados ou, quiçá, de pessoas que pretendem entrar na vida política e fazer oposição ao prefeito.

“Toda ideia precisa de outra que se lhe oponha para aperfeiçoar-se”, dizia o filósofo germânico Hegel (1770-1831).

Aí está o cerne da oposição, mas o antagonismo há de ser responsável, sério e, sobretudo, ético.  

Tentar desqualificar o prefeito, atribuindo-lhe prática reprovável, sem materializar a assertiva com provas, parece um tanto leviano e autoriza a presumir que tais acusações são inconsistentes e não têm o condão de se sustentarem.

Em democracia funciona assim: qualquer cidadão do povo pode valer-se das autoridades de controle e do Ministério Público para fazer denúncias contra agentes públicos, desde que amparado em provas irrefutáveis e não somente em indícios frágeis, em “ouvir dizer”.

Os próprios órgãos de fiscalização e controle têm forma regular de aquilatar eventual mau uso do dinheiro público e aplicar as penalidades decorrentes.

As redes sociais podem ser eficientes meios para muita coisa, menos terreno seguro para espalhar fumaça e arranhar reputações. É temerário fazê-lo e apequena quem assim procede.

É razoável presumir que o prefeito Pedro Oliveira tem cuidado de Curaçá dentro daquilo que ele vislumbra como acerto e objetivo de sua gestão. Esse entendimento o gestor público sustenta na voz das urnas.

Entretanto, é também razoável presumir que o prefeito tem capengado sobre a necessidade de implementar ações mais consistentes em benefício da população e isto parece claro. Há exemplos.

O que não concordo é com o costume ínsito na pequena política: espalhar opiniões desabonadoras contra o prefeito que, bem ou mal, está conduzindo a administração curaçaense estribado na vontade e escolha da maioria.

O prefeito pode ter caído na vala comum de um pensamento menor de fazer política, mas esta é outra história.

Daí a ser pretexto para enxovalhar e demolir a reputação do prefeito vai uma grande distância.

Não parece decência, não parece sensatez.

araujo-costa@uol.com.br

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