Diz-se democrata o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública.
Tanto é “democrata” que processou o então senador Roberto Rocha (PTB-MA) porque o parlamentar divulgou que Sua Excelência, quando governador do paupérrimo estado do Maranhão, comprou, com dinheiro público, “trufas, bacalhau e canapés” para sua residência oficial, no total de R$ 1 milhão (Diário do Poder, 28/07/2022).
Pior: a façanha do então governador Flávio Dino (PSB), ex-PCdoB, aconteceu durante a pandemia, quando a população do Maranhão passava por sérias dificuldades.
Uma estocada nos maranhenses; um acinte à humildade dos brasileiros que não têm o que comer.
O Maranhão é considerado o estado mais pobre, mas o então governador Flávio Dino devia estar com muita fome naquele tempo de poder estadual e mordomia palaciana.
O Supremo Tribunal Federal mandou arquivar o processo. Presume-se, então, que o senador estava amparado na verdade, o que Flávio Dino não gostou.
Mas essa é outra história que a imprensa publicou e, portanto, não carrega nenhuma novidade.
Talvez com o intuito de agradar o presidente Lula da Silva e com olho na próxima vaga do Supremo Tribunal Federal, o ministro Flávio Dino mostra-se contraditório e, neste particular, se assemelha a Sérgio Moro, senador e ex-ministro da Justiça.
Sérgio Moro sonhava ser ministro do Supremo Tribunal Federal. Flávio Dino também, segundo a imprensa que o entrona no pedestal do prestígio da República.
Sérgio Moro paparicava o presidente Bolsonaro; Flávio Dino paparica Lula da Silva. Sérgio Moro caiu em desgraça. Flavio Dino ainda não, por enquanto, porque parte do PT gosta dele e outra parte o tolera.
Para agradar o patrão Lula da Silva, o ministro Flávio Dino apressou-se em criticar a polícia paulista no episódio das mortes do Guarujá cuja violência policial deixou 16 mortos (G1, 31/07/2023), fato de todo lamentável.
O governador de São Paulo não faz parte, ainda, dos aliados de Lula da Silva e, portanto, está sujeito a críticas do PT e de seus aliados e puxadinhos.
Entretanto, o mesmo “democrata” ministro Flávio Dino não teve a mesma desenvoltura para criticar a violência policial na Bahia, governada há mais de 16 anos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) que, na mesma ocasião dos fatos do Guarujá, deixou saldo de pelo menos 30 mortos entre 28 de julho e 04 de agosto, mormente nos municípios de Itatim, Camaçari, Jaguarari e Salvador (UOL, 14/08/2023).
Em mais de 16 anos do PT na Bahia, o estado entrou para a lista dos mais violentos. Continua frequentando essa triste e macabra lista.
Em 2022 as estatísticas apontavam 1.464 mortos pela polícia no estado.
Tanto em São Paulo quanto na Bahia parece haver carência de preparo da polícia, mas esta também é outra história que os governos estaduais precisam resolver com urgência urgentíssima.
O certo é que ambos os episódios – São Paulo e Bahia – são lamentáveis e não devem ser politizados, porque envolvem vidas ceifadas.
Como se vê, o ministro Flávio Dino não está conseguindo despolitizar os fatos. Seus discursos parecem ainda atrelados ao movimento estudantil e ao Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Maranhão.
O ministro ainda não se deu conta de que os princípios que sustentam o regime de Cuba e sustentavam a extinta União Soviética (URSS) estão ultrapassados.
Gastar fortuna de dinheiro público na compra de comidas caras, enquanto grande parte dos brasileiros passa fome, está longe de ser exemplo de democrata.
O ministro Flávio Dino diz que é.
Acreditemos.
araujo-costa@uol.com.