O PT e o fracasso da lógica

“A lógica não pode substituir a evidência” (Giovanni Sartori, cientista político italiano, 1924-2017)

Promessas

Nada melhor do que o PT para não cumprir as promessas do PT.

Na campanha eleitoral de 2018, Rui Costa (PT), à época governador da Bahia, elencou 144 promessas que cumpriria, se eleito fosse. E foi. Os baianos o reelegeram com retumbante 75,5% dos votos.

Findo o governo, Rui Costa havia cumprido 63 das promessas de campanha, o que equivale a 43,75% do que disse que faria, dentre outras que as cumpriu parcialmente.

Os dados são do G1 Bahia, 04/01/2023.

Nenhuma novidade, todavia.

Não só o PT deixa de cumprir o que promete. Isto faz parte da malandragem dos candidatos, independentemente de partidos políticos. O que mais se vê é embuste nos palanques eleitorais.

Puxa-sacos e tapinhas nas costas

Eleito em 2022 para o terceiro mandato, Lula da Silva, em discurso, disse que este seu novo governo não precisa de “puxa-sacos” ou “tapinha nas costas” (Veja, 22/12/2022).

Então, se assim for, Lula da Silva precisa repreender o exagerado Flávio Dino (PSB-MA), ministro da Justiça e Segurança Pública.

O ministro Flávio Dino caminha na contramão da orientação do chefe Lula da Silva, que não quer tapinhas nas costas, nem puxa-sacos, neste seu terceiro governo.

Flávio Dino disse que Lula é “homem honrado, honesto, orgulho do Brasil e um dos maiores estadistas do mundo”.

A imprensa publicou. Está gravado. Matéria prima para os humoristas.

Este escrevinhador não duvida que Lula é tudo isto e até mais do que isto, mas um subalterno elogiar assim o chefe é, no mínimo, constrangedor, ainda mais para Flávio Dino, que sonha em ser indicado por Lula para ministro do Supremo Tribunal Federal.  

Só faltou Lula parafrasear o professor Raimundo e dizer: “menos, ministro, menos”.

Culpa das nuvens

Um jornalista perguntou à espevitada ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade), do Meio Ambiente e Mudança do Clima, qual a diferença entre os índices publicados pelo governo (menores) e os índices publicados por órgãos de imprensa (maiores) no que tange ao desmatamento e aos incêndios na Amazônia.  

Crítica feroz do governo Bolsonaro, a ministra recebeu o microfone, passou para um assessor, que passou para outro, que passou para outro, que retornou, sem resposta, para Marina Silva. Visivelmente constrangida, ela declarou:

– São as nuvens. A atualização dos índices acontece em tempo real, mas quando tem nuvens isto não é possível, pode dificultar.

O jornalista esqueceu de perguntar à ministra, se no governo Bolsonaro, que ela tanto espinafra, não havia nuvens.

Déficit zero nas contas públicas

Lula da Silva escolheu o professor paulista Fernando Hadad, presumível futuro candidato do PT à presidência da República – se Lula não puder disputar – para comandar a economia, por enquanto.

Haddad saiu alardeando que em 2024 o Brasil terá déficit zero. O tamanho dos gastos, mais juros da dívida pública, não podem ser maior que a receita. Vai daí que o governo não pode gastar mais do que arrecada. Até aí, tudo bem. Corretíssimo. 

Lula deu corda a Haddad e o ministro pensou que era verdade. Agora, Lula fez caminho inverso, de olho nas urnas de 2024. Disse que déficit zero é muito difícil e que quer os ministros gastando em obras e investimentos.

O PT precisa de votos nas eleições municipais e precisa alimentar os políticos do chamado Centrão e suas bases nos estados, que Lula tanto criticou na gestão Bolsonaro.

Lula não disse, nem precisava dizer, que o PT necessitará de votos nas eleições de 2024.

Pelo jeito, nos governos do PT, dá-se o fracasso da lógica.

araujo-costa@uol.com.br

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